Nas faculdades de economia, define-se como “crowding-out” uma situação em que uma intervenção crescente do Estado prova alterações substanciais no funcionamento de um mercado, com implicações na oferta, procura ou no bem estar geral.

A tendência para a regulamentação crescente nos mercados financeiros é muitas vezes justificada com a necessidade de proteger os investidores e a transparência do mercado – o que são objetivos virtuosos e defensáveis – mas o excesso de zelo e alguma falta de adesão à realidade levam ao afastamento das empresas dos mercados acionistas, com todos os efeitos adversos que isso provoca para o mercado, para a economia e, em última análise, para a sociedade.

O tema tem sido várias vezes discutido na União Europeia, onde as exigências regulatórias e taxas elevadas têm desincentivado muitas empresas a entrar ou a continuar na bolsa. Aliás, basta ver o baixíssimo número de novos emitentes em Portugal – e quase sem expressão nos projetos da “nova economia” para se perceber que o mercado aberto não está a ser aproveitado como veículo de financiamento.

Nos EUA, segundo a WFE, o número de cotadas desceu 2,9% em 2021, para 6000 empresas. Algumas das saídas deveram-se à incapacidade de cumprir regras como preços mínimos das ações, rácios financeiros e níveis de vendas, mas outras saíram de bolsa voluntariamente. Nesses casos, cita-se a emergência de outros mercados alternativos na China, Hong Kong e outros locais da Ásia, devido às fortes restrições regulatórias impostas pela Administração Trump  que não foram revertidas.

Finalmente, tem-se notado nos últimos anos a emergência de SPAC (special purpose acquisition companies) que substituem o mercado como forma de injetar fundos nas empresas em crescimento, sendo que só algumas chegarão no futuro à bolsa.