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CTT. Pequenos acionistas consideram dividendo proposto “dececionante e prejudicial” à remuneração acionista

Apesar de uma quebra homóloga acima dos 40% os CTT fecharam 2020 com lucros e perspetivas positivas para 2021. Por isso, para a Maxyield, a proposta de dividendo “é muito baixa”. Pequenos acionistas apelam à reprovação da remuneração proposta e sugerem um dividendo de 20 cêntimos.
18 Março 2021, 18h00

A associação de pequenos acionistas Maxyield considera que o dividendo por ação de 8,5 cêntimos, proposto pelo conselho de administração dos CTT – Correios de Portugal, é “dececionante e prejudicial à remuneração acionista”. Ao Jornal Económico (JE), a associação revela que, por ser uma remuneração “muito baixa”, apela aos acionistas da empresa postal que reprovem a proposta da equipa de João Bento na assembleia geral de 21 de abril.

Os Correios querem remunerar os acionistas com um dividendo de 8,5 cêntimos, menos 22,7% face aos 0,11 cêntimos propostos no final do exercício de 2019, que acabaram por não ser distribuídos em 2020 por causa da pandemia da Covid-19. Comparando com a última remuneração entregue aos acionistas, o dividendo proposto representa uma redução de 15% face aos 10 cêntimos distribuídos em 2019 (com base no resultado de 2018).

“O baixo valor do dividendo anunciado não está em linha com a versão otimista dos resultados de 2020, nem com as perspetivas muito positivas para 2021, transmitidas pela administração da empresa”, salienta a nota do clube dos pequenos acionistas, enviada esta quinta-feira ao JE.

Para a Maxyield, o comportamento dos CTT é “incompreensível”, sobretudo, quando comparado com os principais operadores postais com capital privado. As congéneres italiana, austríaca, alemã e holandesa “distribuíram dividendos em 2020 e relativamente a 2021 vão manter essa prática, aumentando em regra o valor a entregar aos seus acionistas”.

Os pequenos acionistas relembram que os CTT foram “a única empresa cotada” no principal índice da bolsa portuguesa (PSI 20) que, depois de reverter a proposta de dividendo, não remunerou os acionistas no final de 2020, “como ocorreu com as outras empresas do PSI 20 nesta situação”. A justificação da administração dos CTT “baseou-se na preocupação com os resultados do segundo semestre de 2020”.

Ora, a Maxyield sublinha que foi a “segunda metade do ano que proporcionou o lucro anual divulgado”. Os CTT registaram um lucro de 16,7 milhões de euros, o que corresponde a uma quebra homóloga de 42,9%.

“Nestas circunstâncias, seria expetável a compensação dos acionistas, mediante apresentação de uma proposta de dividendos contemplando a situação revertida no ano anterior”, lê-se. Ou seja, para os pequenos acionistas os CTT terão condições para apresentar um dividendo por ação superior aos 8,5 cêntimos propostos, “o, juntando a promessa do ano anterior com a proposta para o ano em curso”.

Nesse sentido, a associação defende que o dividendo por ação, relativo ao exercício de 2020, deveria ascender aos 20 cêntimos, perfazendo uma remuneração acionista global de 31 milhões de euros. A posição “é reforçado pelo cash flow bruto de exploração obtido em 2020, num montante aproximado de 94 milhões de euros”.

Na ótica da Maxyield, “a capacidade de caixa dos CTT é compatível” um dividendo de 20 cêntimos, que “não prejudica a solidez do balanço da empresa, nem o autofinanciamento das necessidades de investimento operacional e financeiro”. Isto porque “existem disponibilidades e meios equivalentes para suportar este pagamento, sem prejudicar a racionalidade financeira da empresa”.

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