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CTT passam de prejuízos a lucros superiores a 17 milhões de euros no primeiro semestre

O lucro registado entre janeiro e junho compara positivamente com o prejuízo de dois milhões registado no período homólogo de 2020. Os rendimentos operacionais dos CTT cresceram 18,2%, para 412 milhões de euros, mais 63,6 milhões do que há um ano.
  • Presidente executivo dos CTT – Correios de Portugal, João Bento
5 Agosto 2021, 18h43

Os CTT – Correios de Portugal registaram um lucro de 17,2 milhões de euros no primeiro semestre de 2021, revelou o operador postal esta quinta-feira. O valor compara positivamente com o prejuízo de dois milhões registado no período homólogo do ano passado.

O crescimento do resultado líquido dos Correios foi “impulsionado principalmente pelo crescimento no EBIT [lucro antes de juros e impostos] recorrente”, segundo as contas veiculadas pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). O EBIT recorrente ascendeu a 28,7 milhões de euros, mais 23 milhões do que no primeiro semestre do último ano, devido a “incrementos significativos” nos segmentos do ‘Correio e Outros’, ‘Expresso e Encomendas’, Banco CTT e nos serviços financeiros e de retalho.

Já o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA) dos CTT cresceu 60,6%, para 57,3 milhões de euros, nos primeiros seis meses do ano.

Os rendimentos operacionais dos CTT cresceram 18,2%, para 412 milhões de euros, mais 63,6 milhões do que no mesmo período de 2020. A empresa liderada por João Bento diz ter acelerado “uma tendência de crescimento iniciada no terceiro trimestre de 2020 (0,3%)”, com o desempenho “notável” do negócio de ‘Expresso e Encomendas a crescer 40,7 milhões (47,8%), seguido do ‘Correio e Outros, que cresceu 6,6% para 217,6 milhões, do Banco CTT, que avançou 19% para 45,7 milhões, e dos serviços financeiros e retalho, que subiram 10,3% para 23,7 milhões de euros.

Os CTT destacam o negócio do ‘Expresso e Encomendas’, que “continua a atingir novos máximos de rendimentos no semestre (125,8 milhões de euros) impulsionados pelo forte desempenho da região ibérica, com Espanha a mostrar os resultados da estratégia delineada”. Em Espanha, o negócios cresceu 79,5%, para 124,3 milhões até junho, enquanto em Portugal este segmento melhorou 29,6%, para 67,1 milhões. Ou seja, o país vizinho representa mais de 45% das receitas desta área de negócio no primeiro semestre.

Observando os outros segmentos, o crescimento do Correio resultou do aumento dos rendimentos do correio transacional, “cuja receita
beneficiou do aumento do contributo dos produtos de maior valor acrescentado, os quais apresentam também um maior valor unitário, assistindo-se a uma menor dependência do correio normal – cujo peso na receita passa de 37% no primeiro semestre de 2020 para 34% no primeiro semestre de 2021– e a uma maior importância do correio registado e internacional de chegada, cujo peso na receita
cresce de 34% no primeiro semestre de 2020 para 37% no primeiro semestre de 2021″. O correio publicitário, o correio editorial, as encomendas do serviço universal, a filatelia e outros serviços de correio também impactaram positivamente.

A empresa liderada por João Bento classifica como “sólido” o desempenho deste segmento, face ao contexto económico e “à tendência secular dos serviços de Correio”. Um desempenho apenas atenuado pelas soluções empresariais, que registaram uma quebra de 14,3% devido à “queda significativa nos preços de venda dos equipamentos de proteção individual e dos volumes de venda elevados que se atingiram” no segundo trimestre de 2020.

No segmento dos serviços financeiros e retalho, o crescimento registado deveu-se ao contributo da venda de ‘raspadinhas’ e “ao progressivo alargamento da sua comercialização a toda a rede de lojas”.

Banco CTT com moratórias no valor de 40 milhões até junho

O Banco CTT, outro segmento de negócio e pilar importante da operação do grupo, chegou a junho com rendimentos operacionais de 45,7 milhões de euros, o que se traduz numa subida de 19% face ao período homólogo de 2020. As contas apontam para uma margem financeira na ordem dos 25,7 milhões de euros (+20,4%).

O desempenho do banco dos CTT entre janeiro e junho fica marcado pela parceria com a Sonae Financial Services, fechada em abril, que determinou que os CTT passassem a ser o único credor dos créditos do Cartão Universo.  A parceria ocorreu em abril e o Banco CTT registou já registou até junho rendimentos de 2,6 milhões de euros, com um volume de balanço líquido de 185,5 milhões.

Mas o que salta à vista nas contas do Banco CTT são as moratórias. A 30 de junho de 2021 registavam-se 725 moratórias, no valor global de 40,1 milhões de euros. Deste valor, 30,8 milhões respeitam ao crédito à habitação. As moratórias representam 3,3% do total da carteira bruta de crédito a clientes.  “Do total de moratórias terminadas, existem cerca de 2,9 milhões com atrasos superiores a 30 dias, que representam cerca de 11% do total de moratórias privadas terminadas em 30 de setembro de 2020”, informou a empresa.

A produção de crédito à habitação recuou 18,5% para 69,3 milhões de euros, “refletindo os efeitos da retração económica causada pelo contexto pandémico”. Já os depósitos de clientes cresceram 12,9%, para 1.906,7 milhões de euros, e foram criadas 26 mil novas contas, para um novo total de 543 mil, face a dezembro de 2020.

CTT querem nova concessão “dentro do prazo”, até ao fim do ano

As contas dos CTT revelam que a empresa fechou o primeiro semestre com um gasto operacional de 381,8 milhões, mais 10,9% do que há um ano. Contudo, as imparidades e provisões caíram em 47,7%, devido à “revisão das matrizes de risco de crédito e da melhoria da situação económica, tendo em conta que o período homólogo estava fortemente impactado pela pandemia e incerteza, sobretudo a nível do crédito auto”.

Já o investimento no primeiro semestre totalizou 11,7 milhões de euros (+7,6%).

O operador postal aproveitou a divulgação das contas até junho para reiterar a convicção de ter um novo contrato de concessão do serviço público postal “dentro do prazo”. “Reafirmamos a confiança de que o mesmo será formalizado dentro do prazo da prorrogação em vigor. Tal deverá melhorar a capacidade de os CTT cumprirem as obrigações do serviço universal num enquadramento mais sustentável”, lê-se. Ou seja, até ao final do ano e que preveja indicadores de avaliação da qualidade do serviço mais ligeiros do que os atuais.

No final de junho, os CTT registavam um total de 12.261 trabalhadores, mais 246 do que há um ano.

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