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CTT têm forte probabilidade de serem contemplados na próxima concessão de serviço postal

O secretário de Estado Adjunto e das Comunicações, Alberto Souto de Miranda, admitiu esta manhã que os CTT têm uma cobertura territorial que torna a empresa um potencial parceiro no próximo período de concessão do serviço postal universal – cujo concurso será este ano. O CEO dos CTT, João Bento, prossegue o investimento na modernização tecnológica da empresa.
  • Rafael Marchante/Reuters
14 Fevereiro 2020, 13h03

O Governo admite a probabilidade de voltar a ter os CTT como parceiro na próxima concessão de serviço postal, resolvida toda a tramitação do respetivo processo concursal e redefinidos os termos da prestação deste serviço, numa fase em que as mudanças do mundo digital determinam alterações nos hábitos de comunicação.

A perspetiva de uma nova era para a concessão dos CTT foi deixada em aberto esta sexta-feira, 14 de fevereiro, pelo secretário de Estado Adjunto e das Comunicações, Alberto Souto de Miranda, mas de forma favorável para os Correios que, em 2020, terminam o atual contrato de concessão do serviço postal universal, no mesmo ano em que completam 500 anos de atividade, iniciada em Portugal em 1520.

Durante uma visita ao Centro de Produção e Logística do Sul (CPLS), em Cabo Ruivo, Lisboa, – para inauguração das novas máquinas de tratamento de correio, adquiridas pelos CTT à empresa francesa Solystic, no âmbito da modernização da operação de tratamento de correio – Alberto Souto de Miranda, referiu que gostaria que não houvesse um hiato na transição de um contrato de concessão para outro, admitindo que os CTT são a empresa do sector com maior cobertura territorial em Portugal, razão pela qual será igualmente a que tem maiores probabilidades de assegurar o próximo período de concessão do serviço postal.

Durante a visita às instalações de Cabo Ruivo, acompanhada pelo CEO dos CTT, João Bento, o secretário de Estado verificou o processo de laboração dos novos equipamentos automatizados, que têm capacidade para separar cartas e envelopes de correio das restantes encomendas e pacotes expedidos para os mais diversos destinos, com recurso a leitura ótica do destinatário. “Este equipamento é capaz de tratar diariamente 800 mil cartas finas e 350 mil objetos de correio médio”, explicou ao Jornal Económico uma fonte da empresa.

Este processo de automatização “reduz o risco da atividade, reforça a eficiência e a qualidade, melhora as condições de trabalho dos carteiros, aumenta a automatização e robustece o controlo e identificação dos objetos tratados na rede postal”, adiantou a mesma fonte.

“Este equipamento já foi instalado em Cabo Ruivo, para operar na zona Sul dos CTT coordenada por Lisboa, e está em fase de instalação no Centro de Produção e Logística Norte, representando um investimento de 15 milhões de euros, que integra os 40 milhões de euros de investimento que a empresa tem previsto para realizar até 2021, no âmbito dos seu Plano de Modernização e Investimento”, adiantou por seu turno o CEO dos CTT, João Bento.

O CPLS dos CTT é o maior centro de produção e logística dos CTT e está inserido num edifício com cerca de 45 mil metros quadrados, manipulando diariamente 2,3 milhões de objetos, onde trabalham 525 colaboradores, dispondo de 100 viaturas para realizarem o seu trabalho – e percorrem diariamente mais de 13 mil quilómetros nos fluxos rodoviários da sua área de intervenção.

O correio distribuído pelo CPLS chega aos centros de distribuição postal de Lisboa e da sua região durante a noite e madrugada e é recolhido destes mesmos centros ao final da tarde. Em Cabo Ruivo já está instalada a Máquina Rest Mail, para pequenos pacotes, com capacidade para tratar mais de 140 mil objetos por dia, correspondendo a um investimento de dois milhões de euros efetuado em 2016, que já teve atualizações para responder ao crescimento do comércio eletrónico.

Esta máquina possui um braço robótico, que recebe objetos através de robots AVG’s (que são pequenos veículos que movimentam cargas em paletes, e possuem capacidade de deteção de obstáculos, desenvolvidos em conjunto com a startup portuguesa Robosavy, no âmbito do projeto de logística Order Now, que venceu o prémio de Excelência Logística 2019, da Associação Portuguesa de Logística – APLOG).

O secretário de Estado Alberto Souto de Miranda voltou a referir que o Estado mantém em aberto a possibilidade de voltar a “participar no capital dos CTT” – um tema que lançou há uns meses, no encerramento do 29.º congresso das Comunicações (APDC). Souto de Miranda volta a referir igualmente as mudanças introduzidas no serviço postal por via dos desenvolvimentos tecnológicos.

“A digitalização das comunicações coloca desafios ao serviço postal” que obrigam a ponderar novos critérios de exigência para a realização dos serviços postais. Também as questões da cobertura territorial da rede dos CTT serão reanalisadas, para saber se o número de estações em funcionamento assegura um serviço adequado à população.

Dos 27 países da União Europeia (excluído o Reino Unido) só três têm empresas de correios onde o Estado não participa no respetivo capital – os Países Baixos, Malta e Portugal. O Reino Unido, que por força do Brexit deixará de ser incluído no mapa da União Europeia, era o quarto país com Correios privados na UE.

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