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Curso de Medicina na Católica é em inglês e abre em 2021 com 50 vagas

A acreditação do mestrado integrado foi criticada pela Ordem dos Médicos e pelo Colégio de Escolas Médicas. Isabel Capeloa Gil, a reitora rebateu as críticas em entrevista na SIC Notícias: “temos que nos deixar de guerras intestinas e de narcisismos das pequenas diferenças e trabalhar para aquilo que verdadeiramente interessa”.
3 Setembro 2020, 09h09

O mestrado integrado em Medicina da Universidade Católica será lecionado em inglês, o primeiro do país ministrado exclusivamente nesta língua, e aberto a estudantes de todo o mundo. O curso envolve uma parceria com a Universidade holandesa de Maastricht e o grupo Luz Saúde.

Ao Jornal Económico, Isabel Capeloa Gil, Reitora da Universidade Católica Portuguesa, adiantou que o mestrado integrado está planeado arrancar no ano letivo 2021/22. À noite, em entrevista à SIC Notícias especificou que a capacidade formativa está pensada para 100 vagas, mas o entendimento da A3ES foi que devia começar com um número mais pequeno para testar e depois crescer. Por isso, arranca com 50 vagas.

A reitora revelou também que o edifício da Faculdade de Medicina está situado no ‘campus’ da Católica em Sintra e vai receber um “fortíssimo investimento em tecnologia”. Já o hospital de base  é o Hospital da Luz Saúde, no âmbito da parceria com este grupo empresarial privado, que tem, segundo afirmou, rebatendo críticas entretanto vindas a lume, “uma maternidade com maior capacidade do que a do Hospital Santa Maria”.

A Universidade Católica é a primeira instituição não estatal a oferecer uma licenciatura em Medicina em Portugal. A decisão chega, coincidência ou não, poucos meses depois de o Ministério da Ciência e do Ensino Superior ter autorizado as universidades públicas a aumentar o número de vagas para a formação de médicos. No entanto, nenhuma o fez. Nessa altura, o ministro Manuel Heitor, que ainda não comentou a acreditação do novo curso, considerou que a decisão das universidades tornava clara a necessidade disponibilizar o ensino de Medicina noutras instituições, públicas ou privadas.

O objetivo da Católica de ter um curso de Medicina é antigo, tem vindo a arrastar-se no tempo e não escapou à polémica. Antes e agora. Em dezembro último, o projeto foi chumbado pela A3ES, que acatou dois pareceres negativos, um da comissão de avaliação de peritos nomeada pela agência e um segundo da Ordem dos Médicos. A Universidade questionou a legalidade do chumbo, apresentou recurso e entregou uma nova proposta de acreditação, que deveria ser analisada até junho.

Numa reação à decisão da A3ES, esta quarta-feira, a Ordem dos Médicos voltou à carga, considerando que “a política prevaleceu na decisão”. Também o Conselho de Escolas Médicas Portuguesas, que agrega representantes de oito instituições públicas, criticou a decisão.

A Reitora admitiu na SIC Notícias receber de bom grado qualquer recomendação que seja feita. “Tudo aquilo que são recomendações que possam melhorar o currículo e a performance deste curso de Medicina acolhê-las-emos certamente”. E justificou: “Aquilo que nós queremos é contribuir para robustecer o sistema e dar uma formação de qualidade aos médicos em Portugal, alargando a possibilidade de mais jovens portugueses que tenham o anseio de vir a estudar Medicina o possam fazer no país e não procurar ofertas noutros países, ofertas que não estão reguladas  pela Agência de Acreditação Portuguesa e que não podem também ser supervisionados e avaliados quando falamos de futuros licenciados ou mestres em Medicina que veem exercer no país”.

Criticou o Conselho das Escolas Médicas pela palavra “banalização”, usada para se referir à autorização da Medicina numa Universidade privada. E disse compreender a reação: “é uma reação protetora, expetável.” Acrescentou que lhe interessa o futuro e “trabalhar com os  atores do sistema científico nacional” e que para bem do ensino superior português a nível supranacional “temos que nos deixar de guerras intestinas e de narcisismos das pequenas diferenças e trabalhar para aquilo que verdadeiramente interessa”. Sublinhou, concluindo: “Estou certa que aquilo que os meus colegas das Escolas Médicas  querem é ensino médico de qualidade, é isso que a Católica também quer e, portanto, estamos unidos no mesmo propósito”.

A Universidade Católica revelou esta quarta-feira, em comunicado, ter sido informada da acreditação do curso pelo Conselho de Administração da Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES) a 1 de setembro, notícia que a reitora avançou de imediato no Twitter. O documento explica que o curso se distingue dos “currículos tradicionais por ter uma abordagem mais prática e integrada desde os primeiros anos” e uma “metodologia centrada no aluno”. Conta, segundo o documento, com “um reputado corpo docente nacional e internacional”.

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