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Custo da greve geral pode somar 700 milhões

O preço da greve geral deverá ter um impacto económico “expressivo”. Ordem dos Economistas antecipa cálculos do custo da paralisação do país.
5 Dezembro 2025, 07h33

A greve geral de dia 11 de dezembro deverá ter um “impacto económico expressivo”, com um custo que não resulta apenas da redução da produção nesse dia, mas também dos efeitos subsequentes sobre “a confiança dos consumidores, as decisões de investimento e a perceção externa acerca da estabilidade laboral no país”. O alerta é do presidente da Direção Regional Norte da Ordem dos Economistas que estima um custo “entre 600 e 700 milhões de euros”.
Em declarações ao JE, Carlos Brito diz que tudo dependerá do nível de adesão e da efetividade dos serviços mínimos, mas não tem dúvidas em afirmar que, olhando para o impacto de anteriores greves gerais, “é claro que a paralisação de 11 de dezembro terá um efeito económico relevante”.
“O impacto desse dia de greve poderá situar-se entre 600 e 700 milhões de euros. Este valor reflete perdas de produção, atrasos nos serviços, perturbações na mobilidade e redução no consumo, excluindo os efeitos indiretos a prazo”, estima o economista. Realça que a quebra de atividade sentir-se-á sobretudo na administração pública, educação, saúde, transportes e logística, “setores que, quando interrompidos, afetam de forma particularmente gravosa o funcionamento global da economia”.

Os setores mais afetados
Carlos Brito antecipa que os setores que mais dependem da presença física dos trabalhadores serão os mais prejudicados. “Além disso, é comum que os sindicatos concentrem esforços nas áreas com maior efeito disruptivo na rotina dos cidadãos. Os transportes são o exemplo mais evidente, com perturbações que afetarão milhões de deslocações, incluindo as de quem não pretende participar na greve, mas que acaba por ser afetado por ela”, avança, acrescentando que “na educação também se deverá registar o encerramento de muitas escolas, o que irá perturbar o dia-a-dia de muitas famílias. E o mesmo se diga de serviços públicos como a saúde, a justiça, a segurança social e as autarquias que deverão operar com fortes limitações”.
Já as regiões mais afetadas, prossegue, serão as com maior população e maior dependência de transportes públicos e serviços administrativos sentirão um impacto “mais significativo”.
“As áreas metropolitanas de Lisboa e Porto estarão, por isso, entre as mais atingidas. Destinos turísticos como Algarve e Madeira poderão também sofrer efeitos adicionais devido a eventuais perturbações na aviação, com consequências no setor hoteleiro, restauração e atividades relacionadas com o turismo”, explica. Antecipa ainda que no interior, embora o impacto global seja menor, a dificuldade de acesso a serviços essenciais poderá “agravar fragilidades já existentes” devido à menor oferta de transportes e serviços públicos.

Efeitos da greve irão ditar desenrolar das negociações
Face aos efeitos gravosos da greve geral na economia e na vida das pessoas, impõe-se a pergunta: em última instância para que serve a greve geral? Carlos Brito responde: “Há, acima de tudo, que ter presente que o principal objetivo das centrais sindicais não é diminuir a produção de riqueza, mas sim provocar o máximo de disrupção, tanto na economia como na vida das famílias”.
Em última instância, conclui, “o que está em jogo é um braço de ferro entre o Governo e os sindicatos decorrente do novo pacote laboral. O maior ou menor nível de adesão à greve geral e os efeitos que ela terá na opinião pública irão ditar a forma como as negociações se irão desenrolar”.


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