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Da ‘arte da planta’ à horticultura controlada. Casos reais de uma agricultura do futuro

“Se conhecermos as condições dos frutos e legumes durante a colheita, podemos recolher os dados e otimizar a sua vida nas prateleiras dos supermercados”, admitiu Rick van de Zedde.
24 Março 2021, 19h57

Os Países Baixos estão entre os países que mais unem a tecnologia à agricultura, e a conferência “Conhecimento e inovação na década da transição digital” mostrou as soluções da Universidade Wageningen e da empresa Ridder como exemplo que as duas formas podem co-existir no mesmo ecossistema.

Rick van de Zedde, da Universidade e Centro de Investigação Wageningen, apresentou o ‘phenotyping’, apresentado mais simplesmente como ‘arte da planta’. Unindo a agricultura à tecnologia, este centro de investigação desenvolveu o estudo das plantas ao medi-las permanentemente com sensores.

Este processo apresentado por van de Zedde recolhe os dados de como a planta em análise funciona em todo o seu esplendor, e como esta responde a mutações genéticas e como funciona em diferentes climas e quais as suas necessidades nestes climas. A pesquisa específica relativamente ao clima servem também para perceber onde as produções podem ser mais robustas e fixar-se, devido às alterações climáticas que têm mudado o clima.

“Se conhecermos as condições dos frutos e legumes durante a colheita, podemos recolher os dados e otimizar a sua vida nas prateleiras dos supermercados”, admitiu Rick van de Zedde durante a conferência da Lusomorango e da Universidade Católica Portuguesa, no qual o Jornal Económico é media partner. Esta é uma solução que, a longo prazo, vai evitar o desperdício alimentar e uma melhor dieta do mundo devido ao consumo dos vegetais.

Questionado sobre se a Europa continua a jogar ao jogo da apanhada com os Estados Unidos em termos de evolução tecnológica no sector agroalimentar, van de Zedde afirmou que o continente europeu está “a ir na direção certa” e que “há muitas oportunidades” que as empresas podem aproveitar para receber financiamento e apostar neste sector.

O grupo holandês Ridder, que existe há 65 anos, foca-se na proteção da horticultura em ambientes controlados, como irrigação automática, desenvolvendo tecnologia para que este controlo seja realizado. Joep van den Bosch, CIO do grupo Ridder, apontou que atualmente já existe bastante tecnologia disponível na agricultura capaz de fazer com que os dois sectores codependam entre si.

O CIO da Ridder acredita que é preciso dedicar dinheiro para proteger a agricultura, mas também acelerar a transição digital nos centros de investigação deste sector. Joep van den Bosch explicou durante a conferência que também empresas também têm de acelerar o seu investimento no agroalimentar e na tecnologia utilizada.

Na sua intervenção, Joep van den Bosch apontou a probabilidade de uma mudança radical entre os agricultores mais céticos só acontecer “daqui a dez ou 15 anos”, quando a tecnologia estiver mais avançada a um ponto em que não é possível negar a sua utilização.

Questionado sobre o futuro e quão longe este sector pode ir com a ajuda da tecnologia, van den Bosch explica que a Europa “pode ir muito longe, mas vai depender da situação individual dos agricultores, porque estamos a falar de negócios familiares”. Ainda que sustente por diversas vezes que o sector pode ir muito longe, o CIO da Ridder sublinhou que “nem sempre será económico fazê-lo” devido aos custos de investimento que têm de ser realizados.

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