A cada novo bloco noticioso confirmamos os nossos mais profundos temores. O mundo está a cada dia mais perigoso e à beira de um conflito em grande escala.

A guerra civil síria que já vai no sétimo ano consecutivo e relembra-nos a tristemente célebre Guerra Civil espanhola, onde os grandes blocos fizeram um ensaio geral daquela que viria posteriormente a mergulhar toda a Europa num conflito que ainda hoje mantém abertas feridas geopolíticas.

Aos anúncios de novos impulsos na força bélica norte-americana, russa e norte-coreana, juntam-se as posições políticas de alguns líderes quer em relação à imigração, quer no que se refere à limitação de mandatos, o que tristemente pressagia o aparecimento de ditadores perpétuos em locais considerados nevrálgicos no palco da política internacional.

A Europa, cada dia mais fragilizada e permeável a políticas demagógicas e de cariz claramente xenófobo, amordaçada pelas políticas económicas e pelo rumo assumidamente mercantilista da União, sem uma política externa comum que lhe permita lidar com a grave crise humanitária que pressiona as suas fronteiras, é um alvo demasiado fácil para qualquer exercício de força.

Na última semana foi anunciada a composição duma lista transnacional sob a égide do DIEM –Movimento Democracia na Europa. Este movimento pan-europeu criado em 2016 por Yanis Varoufakis, visa não apenas democratizar as instituições europeias, como torná-las eficazes, operantes e actuantes numa perspectiva mais humanista, recuperando as linhas mestras dos pais fundadores.

As questões da imigração, da segurança e da legitimidade e responsabilidade política dos diferentes países que compõem a União Europeia face às questões ambientais, são algumas das bandeiras que o movimento pretende brandir nos corredores de um poder cada vez mais refém das macroestruturas económicas.

É um momento histórico para o qual devemos olhar com atenção pois que, mais do que a constituição de uma lista pan-nacional, que se propõe a sufrágio da vontade dos cidadãos europeus, ela representa a vontade transversal de ruptura com esta política europeia. O movimento, constituído em grande parte por jovens, é um claro grito de revolta contra um statu quo que se enquistou num belo projecto de unidade, solidariedade e paz, que o deixou à mercê da economia internacional e que se traduz, a cada dia que passa, em políticas bélicas e securitárias preocupantes.

O aparecimento deste tipo de movimento em contracorrente não é apenas um fenómeno europeu. Um pouco por todo o mundo começam a surgir vozes que se forçam a ser ouvidas por entre o barulho ensurdecedor das armas e dos gritos dos que sofrem. São movimentos que nos interpelam, e perante os quais nenhum de nós poderá assumir a postura cobarde e confortável de que toda a política e todos os políticos são iguais.

Está em curso uma nova forma de fazer política e ninguém poderá demitir-se da sua condição de cidadão. Porque a Europa e o Mundo são das pessoas!

A autora escreve de acordo com a antiga ortografia.