Neste 5 de Maio, ao comemorar-se o 1º Dia Mundial da Língua Portuguesa, importa dizer que valorizar a nossa língua não é apenas um compromisso constitucional. Com mais de 270 milhões de falantes, nos cinco continentes, a língua portuguesa é um dos grandes ativos dos Países e Povos que a partilham, a começar necessariamente por nós, em Portugal, seja igualmente pelos nossos irmãos dos Países de Língua Oficial Portuguesa (CPLP), bem assim como nas Comunidades Portuguesas da diáspora, onde quer que se encontrem.

A consolidação da posição em força da Língua Portuguesa no mundo, dependerá de uma estratégia comum e concertada, entre todos, que reforce a sua utilização quer nos sistemas de ensino de vários países, quer nas organizações internacionais. A valorização cultural deste inigualável património linguístico e o seu reconhecimento como língua oficial de trabalho em cada vez mais instâncias internacionais, deverá estar obrigatoriamente entre as prioridades das prioridades, entre várias, da nossa política externa.

Importa assumir sem pudor, como dever nosso e não só como obrigação, uma orientação de maior qualidade e exigência nas mais variadas modalidades do ensino do português no estrangeiro, em estreita ligação com uma política de afirmação da cultura portuguesa que privilegie a imagem de um Portugal aberto ao mundo, universalista, moderno entre os melhores e também absolutamente envolvido nos desafios globais da lusofonia.

É fundamental assim dar estatuto primordial à Diplomacia Cultural, a par de outras já definidas como tal – como seja o caso da Diplomacia Económica, renovando e modernizando a rede do ensino português no estrangeiro. Implementando programas e ações de difusão sistemática de obras referenciais da literatura e arte portuguesas. Aumentando a crescente presença do português como língua curricular do ensino básico e secundário, através de projetos de cooperação com Países de todos, mas mesmo todos, os continentes. Assim como consolidar a presença do Português e dos Estudos portugueses em instituições de ensino superior em todo o mundo.

Assume-se como importante mobilizar as Comunidades Portuguesas para se organizarem em defesa dos interesses portugueses e adquirirem poder de influência junto dos governos e instituições dos países de acolhimento. Mas as Comunidades Portuguesas, espalhadas pelos quatro cantos e mesmo em terras do fim do mundo, constituem igualmente um fator de afirmação externa decisiva. Porque os portugueses no estrangeiro mantêm um elo de afetividade que se manifesta também e muito particularmente pela língua – fator decisivo que preserva, garante e exalta a nossa identidade.

E tudo isto porque, como escreveu Fernando Pessoa no Livro do Desassossego, pondo na boca de Bernardo Soares, um dos seus heterónimos: “A minha Pátria é a Língua Portuguesa”.