Diz o senhor Presidente da República que a pandemia e a crise económica que se seguiu acarretam o perigo de desatar os nós invisíveis que fazem uma sociedade coesa. A coesão social, aquele cimento que nos faz aceitar as regras democráticas, o respeito pelos direitos de outros, e que introduz previsibilidade e confiança nas relações sociais, laborais e comerciais.

Outros observadores e dirigentes políticos têm afirmado o mesmo.

Têm todos razão. Contudo, a principal ameaça deriva não apenas da pandemia, que a todos toca, mas também da distribuição muito assimétrica dos efeitos da crise económica que se seguiu e seguirá por tempo ainda difícil de descortinar. E da nossa, aparente, incapacidade para atenuar de forma significativa a perda daqueles que tudo, ou quase tudo, perderam na área da cultura, recreio, desporto, restauração, trabalhadores imigrantes, profissionais liberais, entre tantos outros. Todas as crises deixam efeitos assimétricos, mas provavelmente a pandemia acentuará esta assimetria a níveis nunca antes imaginados.

Neste panorama, não posso deixar de considerar que os bancários têm estado particularmente bem. Num primeiro momento, que até hoje se prolonga, mantendo os postos de atendimento abertos e ao serviço do público. Balcões, sucursais, centros, serviços centrais, quaisquer que fossem os nomes, continuaram abertos e a fornecer liquidez, operacionalizar moratórias, gerir poupanças, entre tantas funções centrais de um sistema bancário moderno. E foi feito, tudo isto, no meio dos mesmos medos e incertezas que todos os cidadãos sentiram.

Adicionalmente, milhares de bancários são, por todo o país, cidadãos empenhados nas causas cívicas e solidárias. Participando com o seu tempo, empenho e conhecimento, no desenvolvimento das atividades de centenas de IPSS, agremiações locais as mais das vezes. Por eles, e com eles, chegam um pouco mais longe os esforços e os contributos de solidariedade de toda uma classe. Porque todas as sociedades, mesmo as mais justas e prósperas, precisam de uma rede complementar que concretize o Estado Social.

No meio desta rede que potencia a noção de Estado Social e a Democracia, gostaria de salientar os esforços da Fundação Social Bancária.

No ano em curso, fazendo jus ao esforço redobrado de solidariedade que se impõe, tem tido uma presença ainda mais acutilante de apoio às IPSS regionais e locais. Sem descurar o reforço da sua atuação direta na igualdade de oportunidades de acesso à educação superior e na mitigação dos casos de emergência social. Estão de parabéns os bancários, mais uma vez, pelo apoio em crescendo que têm dispensado à Fundação Social Bancária.

Está na mão de todos ajudarem a que a sociedade não desfaça os laços que a todos nos mantêm unidos e em paz.

O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.