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Dás-me um CV dou-te uma moeda. Empresa que cria e gere centros tecnológicos tem um novo modelo para caçar talento

“Estamos a discutir com algumas empresas globais. Nesta altura, estamos a apontar para Lisboa. Esperamos ter novidades depois do verão”, diz ao Jornal Económico Alexandre Vaz, fundador da nova empresa Jay, cujo negócio são os hubs digitais.
20 Julho 2022, 07h05

Alexandre Vaz foi um dos pioneiros portugueses na transformação digital que Lisboa conheceu nos últimos cinco anos, criando e desenvolvendo o hub digital da Mercedes-Benz em Portugal, enquanto diretor nacional da Mercedes-Benz.io. Agora, o empreendedor quer ir mais longe e reforçar a posição de Portugal como um centro de inovação digital para atrair mais multinacionais a fixar centros tecnológicos no país. Com esse objetivo, Alexandre Vaz acaba de lançar a JAy!, um projeto empresarial que pretende criar, acelerar e gerir hubs digitais internacionais em Portugal.

A JAy! – que tem origem na expressão jaywalking, o passar fora da passadeira, ou seja, o quebrar das regras – desenvolveu um modelo inovador para a construção e manutenção de centros tecnológicos, por cima da metodologia BOT (Build, Operate, Transfer ou “constrói, opera e transfere”). A JAy! pretende desta forma criar os centros digitais de raiz, mapear talentos, contratar as equipas, gerir os espaços de trabalho físicos e digitais e todos os recursos humanos e acelerar o hub digital como uma empresa autónoma.

“Mais do que gerir, vamos construir e operar hubs digitais. Vamos criar hubs digitais de raiz (como empresas autónomas da JAy!), fazer esses hubs crescerem até o tamanho negociado e, após estarem totalmente operacionais e independentes de serviços partilhados prestados pela JAy!, passam a poder ser adquiridos (internalizados) pelo cliente. O hub é uma empresa autónoma para cada cliente”, conta o gestor ao Jornal Económico (JE).

“Uma das áreas críticas da JAy! é a criação de uma cultura forte e saudável para cada um dos hubs que permita ao talento que recrutamos crescer e desenvolver-se, assim como sentir o impacto do seu trabalho no cliente. Não queremos que todos os hubs sejam iguais, mas que tenham os valores de base incorporados na sua cultura”, detalha.

A empresa está neste momento a identificar interessados em vagas de trabalho que surgirão no futuro. Desde a quinta-feira passada, dia 14 de julho, foram recolhidos currículos de perto de 200 candidatos, mas a meta é conseguir 1.500 perfis que se enquadrem nos primeiros hubs em desenvolvimento.

A JAy! oferece uma moeda física – JAy! Coin – aos primeiros 1000 currículos recebidos na área digital. Se forem selecionados para trabalhar nos próximos dois anos num dos hubs digitais da JAy!, os candidatos podem trocar a moeda por 1.500 euros.

“Estamos a discutir com algumas empresas globais. Existem ADNs assinados, o que significa que agora não podemos divulgar mais informação. Esperamos ter novidades depois do verão, sendo que a localização é sempre negociada com o cliente. Nesta altura, estamos a apontar para Lisboa, mas esperamos no futuro ter a oportunidade de abrir hubs noutras localizações”, revela.

Além da carreira na Mercedes Benz, Alexandre Vaz faz parte do membro do conselho de administração Associação Portuguesa de Neurofibromatose (APNF). Em 2014, fundou a Liquid Data Intelligence, depois de quatro anos na Oracle como diretor sénior de Estratégia e Insight para a Indústria. Antes desta função, foi consultora na Boston Consulting Group durante quatro anos.

“Este projeto acontece após anos de maturação. É o corolário da minha experiência a lidar diretamente com a criação e gestão de centros de desenvolvimento digital. Existem condições em Portugal para ampliar o nosso ecossistema digital, mas as multinacionais sentem uma grande dificuldade em entrar e permanecer num mercado que desconhecem, e onde o risco é ainda assim elevado. É aqui que entramos, apoiando as empresas em todo o estágio de transformação digital, da idealização à escala, garantindo uma adequação às necessidades de cada empresa”, explica Alexandre Vaz.

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