A DBRS Morningstar publicou um comentário à operação de concentração entre o UBS e o Credit Suisse anunciada no domingo. O Credit Suisse, fundado em 1856, vai ser absorvido pelo UBS na sequência de uma Oferta Pública de Troca de ações. Os atuais acionistas do Credit Suisse vão receber uma ação do UBS por cada 22,48 ações que detêm do banco de investimento.
A agência de rating salienta a capacidade financeira do Estado suíço para acomodar a enorme ajuda estatal à operação sem pôr em causa as contas públicas do país.
“O impacto nas finanças públicas será provavelmente controlável, mas dependerá do resultado e do sucesso do plano de fusão”, defende a DBRS, que explica que “esta operação e a criação de uma instituição financeira maior aumentará materialmente a concentração no sistema bancário suíço, o que poderá, em última análise, aumentar os riscos de responsabilidade contingente ligados a um único banco”.
“A economia suíça rica e diversificada, a forte posição fiscal, e o baixo rácio da dívida pública proporcionam amortecedores para resistir a um choque substancial que excede o apoio explícito que o Governo ofereceu ao UBS e ao Credit Suisse”, refere a DBRS.
No entanto, alerta, “a recente instabilidade no sistema financeiro suíço expõe alguns dos riscos decorrentes do seu grande sector bancário, estimado em cerca de 520% do PIB”.
“A fusão dos dois bancos resultará muito provavelmente em perdas de produção e de emprego, uma vez que o Credit Suisse emprega aproximadamente 16 mil pessoas na Suíça, e haverá efeitos secundários”, avisa a agência de rating.
O UBS pagará 3 mil milhões de francos suíços para adquirir o Credit Suisse. Para além das facilidades de liquidez existentes do Banco Nacional Suíço (SNB), foi disponibilizado um empréstimo de assistência de liquidez de 100 mil milhões francos suíços do SNB ao Credit Suisse e ao UBS, com estatuto de credor preferencial em situação de falência.
Além disso, para facilitar a aquisição, o governo federal suíço concederá ao banco central suíço uma garantia de empréstimo com base numa linha de crédito de liquidez pública (PLB) no montante máximo de 100 mil milhões de francos suíços para o Credit Suisse.
O Estado fornecerá uma garantia de 9 mil milhões de francos suíços ao UBS para cobrir quaisquer perdas potenciais que surjam da aquisição de parte da carteira do Credit Suisse. Se ocorressem perdas em certos ativos que o UBS irá adquirir, o UBS seria obrigado a cobrir os primeiros 5 mil milhões de francos suíços e o governo federal cobriria um montante adicional de 9 mil milhões de francos suíços, sendo que este último representaria um pouco mais de um por cento do PIB.
Além das ajudas de liquidez que o supervisor poderá disponibilizar, o UBS poderá utilizar até 9 mil milhões de francos suíços dos contribuintes. É uma “garantia de perdas” para uma “parte claramente pré-definida da carteira de ativos” e que será ativada se houver perdas nesses ativos. Mas não é automático. Primeiro, o UBS assume perdas de 5 mil milhões de francos suíços e só depois poderá ativar a garantia de 9 mil milhões de francos suíços para as perdas acima de 5 mil milhões. Perdas acima de 9 mil milhões voltam a ficar a cargo do UBS.
“Dada a probabilidade de os esforços de reestruturação poderem levar vários anos a concluir, continuaremos a acompanhar a situação em curso, em particular para a cristalização de passivos contingentes ou novos riscos que possam prejudicar as finanças públicas ou criar riscos materiais de abrandamento das perspetivas de crescimento”, defende Spyridoula Tzima, Vice-Presidente do Grupo Sovereign na DBRS Morningstar.
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