Aí estão as perspectivas da DBRS para a Banca Europeia em 2024 e que se resumem à continuação do bom desempenho, mas com um aumento da pressão sobre as margens financeiras, por via da subida dos juros dos depósitos e da diminuição do balanço, e também com a degradação da qualidade dos ativos.
A DBRS Morningstar destaca no seu comentário sobre as perspectivas para os bancos europeus em 2024 a expectativa que “os lucros dos bancos europeus permaneçam fortes em 2024, embora em níveis mais baixos do que em 2023, devido a alguma pressão sobre as margens e ao crescimento lento dos empréstimos, bem como a despesas e custos de crédito mais elevados”.
A agência destaca que a liquidez dos bancos deverá manter-se sólida, apesar da pressão sobre os juros dos depósitos, uma vez que a procura de crédito é reduzida num contexto de taxas mais elevadas e de economias fracas.
Os rácios de capital continuam a beneficiar da forte geração de lucros dos bancos, que está a compensar largamente a pressão para aumentar a distribuição de dividendos e a recompra de ações, sublinha a DBRS.
No ranking da rentabilidade do capital próprio core (Return on Common Equity) no primeiro semestre de 2023, a DBRS analisa bancos de 14 mercados europeus e Portugal aparece em terceiro lugar a par com os bancos italianos com um rácio médio de 13,6%, depois dos bancos suecos que tem um Return on Common Equity médio de 17,5%; dos bancos do Reino Unido cujo rácio médio se situa em 14,8%. Depois de Portugal surge a Bélgica com um rácio médio de 13,5%, seguido dos gregos com um rácio médio de 12,8%. Curiosamente os bancos franceses e os alemães estão no fim da tabela com rácios de 6,8% e 6,7% respectivamente.
A expansão das margens de juro líquidas desde meados de 2022 tem sido o principal motor da rentabilidade dos bancos na Europa. “No entanto, também notamos que tem havido uma divergência significativa nas margens de juros líquidas entre os países. Em linha com estas diferenças, dependendo do país, esperamos ver uma série de resultados, desde descidas moderadas a aumentos moderados na margem financeira em 2024”.
Na análise da agência de notação financeira os países que no primeiro semestre reportaram uma taxa mais alta de margem financeira (diferença entre juros pagos e recebidos) são a Grécia e Portugal. Em terceiro lugar surge a Irlanda. Porquê? “Porque são bancos que operam em mercados com uma elevada proporção de empréstimos a taxa variável e já reavaliaram o preço de uma grande parte, se não de toda a sua carteira de empréstimos”, diz a DBRS.
A qualidade dos activos deverá deteriorar-se defende a agência. “A qualidade dos activos dos bancos continuou a melhorar nos últimos anos, em resultado do ambiente de crédito geralmente benigno e das medidas de apoio monetário e orçamental em períodos de tensão, bem como de uma política proactiva do BCE destinada a reduzir os créditos não produtivos (NPL). No entanto, estamos a assistir ao surgimento de vulnerabilidades e esperamos que o crédito malparado e os custos de crédito associados aumentem moderadamente em 2024. Esperamos que o sector empresarial seja mais afetado do que o sector das famílias”, refere o comentário da agência.
Portugal surge aqui, depois da Grécia, com o maior rácio de créditos em Stage 3 (com imparidade), mas com uma trajetória de melhoria desde 2019.
“Os bancos têm beneficiado de fortes lucros nos últimos trimestres, mas esperamos que a qualidade dos activos se deteriore gradualmente devido às taxas de juro mais elevadas e à continuação do enfraquecimento da maioria das economias europeias, com o impacto a tornar-se mais visível nas carteiras de crédito a empresas dos bancos”, defende Sonja Förster, Vice-Presidente para as Instituições Financeiras Globais da DBRS Morningstar.
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