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DBRS atribui rating B (low) às obrigações AT1 do BCP, abaixo do rating do banco

A DBRS destaca que as obrigações AT1 são profundamente subordinadas e constituem os instrumentos de dívida mais júniores do Banco (isto é, são os últimos a ser pagos).
22 Janeiro 2019, 12h54

A DBRS acaba de emitir uma nota onde diz que atribui um rating B (low) ao instrumentos de AT1 (Additional Tier 1) do Banco Comercial Português. Mas o outlook (perspectiva) é positivo, em linha com a perspectiva atribuída ao rating do banco emissor.

Ao atribuir a classificação B (low) aos títulos AT1 do BCP, cinco notches abaixo da Avaliação Intrínseca do BCP (Intrinsic Assessment- IA) do BB (high), a DBRS destaca que as obrigações AT1 são profundamente subordinadas e constituem os instrumentos de dívida mais júniores do Banco (isto é, são os últimos a ser pagos).

São títulos perpétuos em termos de prazo e podem ser amortizados em parte ou integralmente, se o emitente ou o regulador determinar que existe um trigger que desencadeie esse “write-down”.

O BCP anunciou hoje uma emissão de títulos de dívida subordinados perpétuos, denominada em euros, a taxa fixa, com possibilidade de reembolso antecipado, por parte do Banco, a partir do final do 5.º ano e mecanismo de redução temporária do respetivo valor nominal (write-down) em caso de verificação de um nível de fundos próprios principais de nível 1 de 5,125%. Portanto o “trigger level” para fazer “write-down” (amortização) da emissão é estabelecido num rácio mínimo de  CET1  para o BCP de 5,125%.

O Banco Comercial Português informou o mercado apenas sobre uma potencial emissão de títulos de dívida subordinados perpétuos, mas não avançou com nenhum montante. O banco prepara assim uma emissão de dívida de elevada subordinação (additional tier 1), que conta para o rácio de capital tier 1 e serve para cumprir rácios regulamentares.

A DBRS diz que enquanto os títulos podem ser emitidos a critério exclusivo do Banco, há condições em termos de resultados líquidos distribuíveis que precisam de ser atendidas. O BCP pode cancelar os pagamentos de juros dos Instrumentos AT1 em parte ou no total e, em algumas circunstâncias, pode ser obrigado a cancelar completamente os pagamentos de juros.

 

A classificação AT1 B (low) é cinco degraus abaixo do IA de BB (high) do BCP porque considera, quer a probabilidade de o banco acionar o trigger para o “write-down” da emissão, quer os níveis de recuperação esperados.

A diferença de notação entre esses títulos de dívida altamente subordinada e o rating do IA (avaliação intrínseca do banco) pode variar entre 3 e mais notches, diz a DBRS. No caso do BCP, a diferença de ratings do banco para a sua emissão de AT1 contempla um elevado buffer de 6,675% entre o rácio que serve de trigger (5,125%) e o rácio CET1 de 11,8% do Banco (ou 8,8% de CET1% mínimo no âmbito do SREP 2018 feito pelo BCE). Por outro lado, o diferencial de ratings também leva em conta os riscos captados na Avaliação Intrínseca (IA) do Banco, dado o elevado stock de NPEs (ativos problemáticos) que correspondia a aproximadamente 12,3% do total de crédito bruto (ou 6,0%, do crédito líquido de provisões) no final de setembro de 2018.

A classificação dos Instrumentos AT1 geralmente caminha em direção ao alinhamento com o rating IA que está no mesmo nível que o rating do BCP enquanto Emissor de longo prazo, isto é em BB (high).

A DBRS diz que os ratings do BCP poderão ser melhorados se o Banco continuar a reduzir o nível de NPL (crédito malparado) a um ritmo significativo e a melhorar a rentabilidade em Portugal, através do crescimento da receita “core” e do menor custo do risco.

Já a pressão negativa de rating pode surgir de uma deterioração significativa na qualidade dos ativos e no capital, e a perspetiva pode voltar a ser Estável se o Banco não for capaz de fazer as reduções planeadas no stock de NPLs.

 

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