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DBRS tira BCP do rating “lixo”

A melhoria do rating do BCP é justificada pela redução do stock de crédito malparado e pela rentabilidade do banco no mercado doméstico. A DBRS destacou ainda a solidez financeira e elevada base de depósitos.
  • João Relvas/Lusa
3 Junho 2019, 10h38

A agência de notação financeira DBRS melhorou o rating do Millennium BCP enquanto emissor de longo prazo para ‘BBB’ (low), o primeiro grau de investimento.  A melhoria da classificação parte do anterior rating ‘BB’ (high), grau que ainda é considerado “lixo”.

O CEO do BCP, Miguel Maya considerou que a melhoria do rating “o esforço continuo e bem-sucedido do Millennium bcp na melhoria da qualidade do balanço e o  persistente trabalho realizado para aumentar a eficiência e a rendibilidade do banco”. O CEO salientou ainda que se trata de “um reconhecimento importante quer do valor do caminho que definimos no plano estratégico quer da confiança que os profissionais do Grupo merecem ao nível da capacidade de entrega dos objetivos que assumimos perante o mercado”.

A melhoria di rating pela DBRS é justificada pela redução da exposição ao crédito malparado e pela rentabilidade do banco no mercado doméstico.

A DBRS relata que o BCP “reduziu o stock de non-performing exposures (NPEs), além de melhorar a rentabilidade no mercado interno. No entanto, os ratings continuam a refletir o custo do risco ainda elevado e o elevado stock de NPEs, que, embora tendo melhorado, permanece acima dos pares europeus”.

A perspetiva estável leva em conta “a posição de financiamento estável do banco e os rácios de capital aceitáveis”.

Uma subida do rating exigiria uma redução adicional dos NPEs, bem como um longo histórico de geração de lucros em Portugal,  diz a DBRS. Além disso, “uma maior clareza em torno das perspectivas de rentabilidade na Polónia, como resultado das recentes propostas sobre hipotecas denominadas em francos suíços, seria um pré-requisito para qualquer atualização adicional”.

Ao contrário, a pressão de rating para baixo poderia surgir de uma deterioração significativa dos lucros ou de um enfraquecimento significativo do capital e da liquidez do Banco, admite a agência.

A DBRS melhorou ainda o rating de curto prazo de R-3 para o R-2. A tendência dessas classificações é agora estável. A avaliação intrínseca (IA) do Banco foi aumentada para ‘BBB’ (low) e a avaliação de suporte permanece inalterada em SA3.

A agência canadiana recorda que o BCP melhorou a rentabilidade em 2018, através da melhoria dos resultados em Portugal e de uma sólida contribuição das operações internacionais. No ano de 2018, o BCP apresentou um resultado líquido total de 301 milhões de euros, acima dos 186 milhões de euros do anterior. Os resultados foram sustentados por uma redução significativa das imparidades para crédito, especialmente em Portugal, e por receitas mais resilientes. “O banco também manteve bons níveis de eficiência, com um rácio de cost-to-income de 47% em 2018″, refere.

O custo do risco diminuiu para 92 pontos base em relação aos 122 pontos base em 2017, mas mantém-se elevado em Portugal, constata a agência.

No primeiro trimestre de 2019, os resultados do BCP continuaram a beneficiar de uma sólida contribuição dos negócios internacionais. A Polónia, que é o segundo maior mercado do BCP, foi o principal contibuinte e o seu desempenho foi sustentado por condições económicas favoráveis, diz a agência.

A DBRS alerta no entanto para o impacto da legislação polaca em torno da conversão de créditos indexados ao franco suíço para a moeda polaca, o que é um dos principais riscos que permanece sobre o BCP.

“Esses riscos aumentaram após uma proposta do governo para introduzir uma taxa de hipoteca. O Governo prevê uma contribuição trimestral de até 0,5% dos empréstimos hipotecários em moeda estrangeira para um novo fundo de reestruturação, com o objetivo de facilitar a conversão voluntária dos empréstimos em zloty”, diz a agência que adianta que o banco pode compensar um eventual impacto com uma subida dos lucros em Portugal.

Em termos de qualidade da carteira de crédito, em 2018, o BCP acelerou a redução das NPEs (malparado e garantias executáveis por incumprimento de crédito) através de alienações, recuperações e write-offs, suportado pelo ambiente operacional favorável em Portugal. O stock total de NPE diminuiu para 5,2 mil milhões no primeiro trimestre deste ano, o que é uma queda de 32% em comparação com o ano de 2017, e foi principalmente impulsionado pela redução da NPE em Portugal.

Na visão da DBRS, o banco está no bom caminho para atingir a sua meta de redução de NPEs para três mil milhões de euros em 2021. O rácio bruto de NPE (baseado na definição da Autoridade Bancária Europeia, ou EBA) foi de 10,1%, enquanto a cobertura total da NPE por imparidades aumentou para 55% no 1° trimestre de 2019, o que compara com 48% no trimestre homólogo. Os rácios de NPE do banco, no entanto, continuam acima da média europeia.

Já o sólido perfil de financiamento do BCP é sustentado essencialmente pela sua grande base de depósitos de clientes.

Em termos de capital, os rácios do BCP “proporcionam um amortecimento aceitável em relação aos requisitos mínimos do SREP do BCE. No trimestre, o banco reportou um rácio de CET1 de 12,7%, enquanto o rácio total de capital foi de 15,2%, suportado pela emissão de dívida de elevada subordinação (AT1)”.

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