Recentemente, a “America Political Science Review” publicou um artigo intitulado “The ‘Need for Chaos’ and Motivations to Share Hostile Political Rumors”. Nele, Bang Petersen, Osmundsen e Arceneau discorrem sobre as razões pelas quais algumas pessoas ajudam a disseminar informação política com grande hostilidade. Uma das suas principais conclusões é que há quem tencione provocar o caos ao disseminar esse tipo de informação.

Pensando nisto agora, depois de ler o artigo, cada um de nós é capaz de conhecer alguém exactamente com estas características, ou seja, que o faz na prática. E porque é que há quem queira afectar a ordem política? Ao que parece, para ganhar estatuto. A teorização dos autores vai ao encontro de um novo estado psicológico que implica uma necessidade do caos, sendo que sublinham também o papel que as redes sociais têm tido no processo.

Já há literatura anterior que demonstra que espalhar rumores políticos, que são inverdades, é algo ligado a situações onde existe conflito social. Mais, estas lógicas prendem-se também muitas outras lógicas, que têm directamente a ver com militância partidária.

Há mais conclusões deste estudo que são relevantes neste artigo, mas eu desafio-vos a lerem-no na sua totalidade para terem uma ideia mais completa do mesmo. Ainda assim, queria chamar a atenção para este fenómeno em geral. Nas redes sociais, sejam elas quais forem, já todos de uma maneira ou de outra tivemos algum contacto com uma certa revolta e até amargura de posições por parte dos seus interlocutores.

Mas estas conclusões que aqui vos apresento vão um pouco mais além: estamos a falar de disseminar rumores que não são verdade e da vontade de provocar confusão, para “ver tudo a arder”.

Independentemente das razões que norteiam estes comportamentos, devemos todos reflectir sobre os efeitos possíveis destes comportamentos. E não, não podemos ler esta realidade de maneira ingénua.

A autora escreve de acordo com a antiga ortografia.