Na próxima semana, regressam as aulas presenciais que foram interrompidas em março pelos motivos que todos conhecemos. Para mim, como para milhões de portugueses, que são pais com filhos em idade escolar, num total de, sensivelmente, dois milhões de alunos em todos os níveis de ensino, é um momento de enorme preocupação, mas também um enorme desafio.

Todos tivemos os nossos filhos protegidos no conforto do lar neste último meio ano, mas o mundo lá fora, apesar das brutais dificuldades, não pára e continua a avançar à velocidade da luz.

As escolas são uma parte essencial da sociedade e da vida das crianças, e o encerramento necessário devido à Covid-19 não pode mais afetar a sua educação. Por isso, neste regresso, todos sabemos que as escolas estão já preparadas e têm certamente um plano para aplicar em caso de suspeita de infeção para evitar a propagação, que passará por isolar a pessoa rapidamente, informando as autoridades de saúde e desinfetando as superfícies em que o membro suspeito possa ter tocado. Serão medidas prudenciais para evitar o pânico, perante uma ou mais situações que naturalmente vão existir.

Também sabemos que não é sustentável mantermos as nossas crianças mais tempo em casa, pelo que temos de confiar nas medidas do Estado, das autoridades sanitárias e das nossas comunidades escolares. Pelo mundo fora, perante a estranheza das crianças com a situação excecional que enfrentam, e a preocupação dos pais e dos professores, as aulas já estão a iniciar e todos se estão a adaptar a uma nova realidade de proteção no ensino.

A reta final do ano letivo anterior, com aulas virtuais e ensino à distancia foi um enorme desafio para a comunidade escolar. Professores, pais e alunos tiveram que lidar com o inesperado, mas, avaliando estes seis meses, em traços gerais, não se pode, com honestidade intelectual, considerar como negativo todo o esforço empreendido por todos os agentes educativos, perante as mais variadas adversidades e distintas realidades locais e sociais.

Agora o desafio é outro, e é já de forma presencial, de uma nova adaptação das crianças ao contacto e ao convívio social, num momento delicado, com os números de infetados a disparar e a coincidir com algum relaxamento das medidas de contenção para a população no geral.

O desafio é também o de lidar com a incerteza e as inúmeras dúvidas que persistem, sabendo apenas que as nossas crianças poderão ter sintomas mais leves da doença, dando como certo serem os mais poupados nos efeitos trágicos da mesma, mas representando simultaneamente um risco maior de contágio para adultos e idosos.

São muitas as incertezas e as contradições, demasiadas as fake news e os mitos e opiniões sem qualquer fundamento. E é perante este cenário inédito que teremos que filtrar para cada um de nós e para as nossas crianças a informação necessária e a mais fiel para que tudo possa correr bem, sem dramas e sem histerismos.

As aulas estão mesmo de volta e nada será como dantes. Mas temos de encarar estas mudanças e alterações como uma nova normalidade, pois estamos mesmo, todos e juntos, a lutar pela sobrevivência coletiva! Preparados ou não, eis que chegamos ao início do novo ano letivo, certamente o mais difícil das nossas vidas de pais.