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De Queiroz Pereira a Arnaut: quem nos deixou em 2018?

Empresários, líderes mundiais, políticos, artistas, escritores ou celebridades televisivas. Saiba quem foram as personalidades que nos deixaram em 2018.
13 Janeiro 2019, 14h00

Nas vésperas da Revolução de Abril, Pedro Queiroz Pereira parecia destinado à vida confortável de um filho mais novo de uma grande família de industriais. Nascido em Lisboa a 5 de Março de 1949, o jovem Pedro era um apaixonado pelas corridas de automóveis. Frequentou o Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Lisboa, mas acabaria por abandonar os estudos. Foi nessa época que ficou conhecido por PQP (Pêquêpê), a sigla constituída pelas iniciais do seu nome.

Accionista maioritário do grupo Semapa, Queiroz Pereira era proprietário da Navigator, mas também da cimenteira Secil e de negócios na área do ambiente e da energia. Pêquêpê, nome porque ficou conhecido no meio desportivo, dedicou-se ao desporto automóvel depois de ter ficado com um problema no joelho a jogar futebol. Tinha talento, ganhou muitos prémios, e chegou mesmo a ser amigo do campeão de Fórmula 1, Ayrton Senna

A sua história de vida dava um filme e dois acontecimentos forçaram o jovem PQP a alterar os seus planos de vida. O primeiro foi a Revolução dos Cravos, que levou à nacionalização das empresas da família Queiroz Pereira. PQP partiu então para o Brasil, com a sua mulher Maria Rita Mendes de Almeida, com quem casara em 1973 e com quem teve três filhas: Filipa, Mafalda e Lua. No Rio de Janeiro, PQP foi administrador de várias empresas da família, nas áreas da indústria, comércio, turismo e agricultura, levando uma vida calma e confortável.

Pedro só voltou a Portugal em 1987, após a morte do pai, Manuel Queiroz Pereira. E foi então que a vida lhe trocou, mais uma vez, as voltas. Em 1993, o irmão Manuel (conhecido por MQP, ou “Mêquêpê”), que assumira a liderança dos negócios da família, morreu prematuramente, vítima de doença. Aos 44 anos, PQP ficou com o destino do grupo nas mãos. Mas provou que filho de peixe sabe nadar. Discreto, mas bastante persistente, passou a ter outra missão: reconstruir o património familiar, aproveitando as reprivatizações dos anos 90.

Fundador do Serviço Nacional de Saúde e cofundador do PS, António Arnaut envolveu-se desde jovem na oposição ao Estado Novo e participou na comissão distrital de Coimbra da candidatura presidencial de Humberto Delgado. Presidente honorário do PS desde 2016, António Arnaut foi ministro dos Assuntos Sociais no II Governo. Foi também agraciado com o grau de Grande-Oficial da Ordem da Liberdade e com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade. O político João Semedo, a primeira mulher a integrar um governo, Maria Teresa Carcomo Lobo, o pintor Júlio Pomar e a artista Helena Almeida também nos deixaram em 2018.

No plano internacional, o físico Stephen Hawking foi um dos cientistas com maior destaque desde Albert Einstein. Apesar de sofrer de esclerose lateral amiotrófica desde os 21 anos, Hawking surpreendeu os médicos ao viver mais de 50 anos com esta doença fatal, caracterizada pela degeneração dos neurónios motores, as células do sistema nervoso central que controlam os movimentos voluntários dos músculos. Em 1985, uma grave pneumonia deixou-o a respirar por um tubo, forçando-o, desde então, a comunicar através de um sintetizador de voz eletrónico.

A combinação entre a sua obra e o facto de permanecer quase totalmente incapacitado – no final podia apenas contrair alguns músculos da cara – fez com que se tornasse um dos cientistas mais conhecidos do mundo.

Este foi também o ano em que desapareceram personalidades como  Paul Allen, Vichai Srivaddhanaprabha, Ingvar Kamprad, Afonso Dhlakama, Kofi Annan, Charles Aznavour, Jamal Khashoggi, Philip Roth, George H.W. Bush, Bernardo Bertolucci, Stan Lee ou Anthony Bourdain.

Artigo originalmente publicado na edição impressa de 28 de dezembro de 2018

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