Tem sido dito e redito que as economias ocidentais têm passado por uma fase de desindustrialização, em benefício de uma expansão do sector de serviços, o que se apresentaria problemático, tornando-se indispensável apostar na reindustrialização.

Sem se pretender pôr em causa a necessidade de alguma reindustrialização nas economias do “centro desenvolvido”, importa proceder a uma reflexão sobre a importância do sector de serviços.

Durante muito tempo considerou-se que os serviços deveriam funcionar como um complemento de indústria. A indústria precisava de quem assegurasse o “marketing” dos produtos, de quem comercializasse, de quem distribuísse, de quem transportasse e de quem financiasse.

Logo, os serviços deveriam ser um complemento da actividade industrial.
Acontece que os nossos amigos americanos descobriram que a Apple bem como a Microsoft, a título de exemplo, podiam criar novos produtos informáticos e, por essa via, desenvolver uma nova indústria informática de elevada qualidade e geradora de progresso tecnológico.

A própria Apple optou mesmo por começar a investigar um novo tipo de automóvel inteligente, o que poderá servir de “motor” da indústria automóvel.
Trata-se de uma inversão do “ciclo produtivo”: os serviços deixam de ser um mero complemento da indústria, antes passando a ser, também, o “motor” de uma certa industrialização.

Quando, por exemplo, os serviços de saúde levarem à descoberta de novos medicamentos ou de novas metodologias de alimentação, então estaremos confrontados com novos “ impulsos” na indústria farmacêutica e na indústria alimentar.

Dito de outro modo: perceber-se-á que o sector de serviços passou a ser, também, um “motor” do desenvolvimento industrial. Nem mais, nem menos…

O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.