Em Abril, o primeiro-ministro António Costa e o ministro do Ambiente e da Ação Climática, Matos Fernandes, apresentaram a primeira obra da expansão do Metropolitano de Lisboa – a Linha Circular da estação do Rato à estação do Cais do Sodré. Esta decisão para a capital é uma das mais desastrosas, despesistas e ineficazes.
Vamos à análise dos factos. A linha circular consiste em apenas 2 km e duas novas estações – Estrela e Santos –, que se estima estar concluída em 2024 com um custo de 210,2 milhões de euros.
A primeira objecção a esta obra é a falta de um efectivo investimento no Metropolitano de Lisboa, na cidade e num plano de expansão, que sirva verdadeiramente as populações. A prioridade deveria ser dada à expansão da rede de metropolitano até Loures, assim como à freguesia de Alcântara e à zona ocidental. A Linha Circular não vai melhorar as acessibilidades das populações ou retirar carros da cidade e degrada o serviço prestado ao concelho de Odivelas e à freguesia do Lumiar.
A segunda crítica prende-se com o facto de tanto a futura estação da Estrela como a de Santos obrigarem a que as obras sejam realizadas a mais de 50 metros de profundidade. Relembro os problemas aquando da extensão do metro a Santa Apolónia e na Avenida 24 de Julho nas obras da estação do Cais do Sodré, com sucessivas inundações nos túneis que originaram atrasos e sobrecustos na obra.
Será que não aprendemos com o passado e estamos condenados a repetir os mesmos erros? Pior, não aprendemos com os nossos erros nem com os erros dos outros. Londres, uma das primeiras cidades no mundo com linhas circulares, encerrou as mesmas há uma década por dificuldade de operação e de cumprir o serviço de ligação com a restante rede do metro.
As críticas a este projecto foram muitas nos últimos anos. De salientar que a Comissão de Utentes dos Transportes de Lisboa e a Comissão de Trabalhadores do Metropolitano de Lisboa defenderam que a Linha Circular era uma má solução para a mobilidade na cidade e apelaram ao chumbo do projeto.
Os munícipes das freguesias da zona norte de Lisboa e concelhos vizinhos, e em particular os de Odivelas, serão particularmente lesados. Com a criação da Linha Circular do Metro de Lisboa, a Linha Amarela transforma-se num apêndice da rede perdendo a ligação directa, com a consequência de alongar os tempos de espera entre viagens e demorar o acesso ao centro da capital.
A Linha Circular também prejudica as populações de outras zonas da cidade, como Benfica, Carnide, Olivais e Marvila, zonas com alta concentração de residentes, com o projeto a concentrar meios materiais e humanos e obrigando ao desinvestindo nas futuras linhas radiais mais necessárias.
Como uma imagem vale mais que muitas palavras, sobra como símbolo desta decisão, contrária à boa gestão da cidade e dos dinheiro públicos, a nova Linha Circular arrancar do Largo do Rato onde se situa a sede do PS.
A autora escreve de acordo com a antiga ortografia.