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Deixar Aleppo: Em busca do sonho europeu

A guerra síria devastou o país e mudou milhares de vidas. O recente livro de Manuela Niza Ribeiro, “Deixar Aleppo”, leva-nos até estas vidas.
REUTERS/Sultan Kitaz
29 Julho 2017, 21h00

Eduardo é um inspector do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras que vai integrar a operação ‘Aspida’ na região de Evros. É precisamente aí que se depara com o drama de inúmeros sírios, paquistaneses, libaneses e afegãos que fogem da guerra e tentam desesperadamente chegar à Europa. Traz também o dilema entre o dever e as memórias de infância, que o remetem para uma outra realidade migratória dos anos 60: os bidon ville. Acaba por encontrar nesta missão e na conterrânea que dirige os Médicos Sem Fronteiras novas razões para viver.

Conhecemos ainda o sírio Karim, que vê a família “apanhada” pela escalada do conflito em Aleppo e que tenta fazê-los chegar à Europa onde se encontra emigrado há vários anos. A história segue os passos desta família e o seu percurso em direção à liberdade e ao sonho europeu.

“A ideia deste romance surgiu-me em plena missão na fronteira entre a Grécia e a Turquia na zona de Evros durante o Outono de 2012”, conta Manuela Niza Ribeiro, acrescentando que “na altura decorria a maior operação de controlo fronteiriço europeu liderada pela FRONTEX, a polícia multinacional de controlo de fronteiras. À mercê da guerra na Síria e dos conflitos um pouco por todo o Médio Oriente, a avalanche de imigrantes ilegais era enorme. Os media falavam apenas do que se passava em Lampedusa e nas ilhas gregas. Mas a verdadeira operação ‘Aspida’ ocorria ali nas margens do rio Evros”.

Para a autora, ainda que soe a ‘murro no estômago’, considera essencial mostrar o drama dos que buscam um Éden que não existe e que são explorados pelos traficantes de seres humanos naquele que é o maior negócio dos tempos modernos.

 

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