Adaptar a teoria económica aos desafios do século XXI é urgente. É necessário acrescentar à teoria existente, novos pressupostos, novos desejos, novas variáveis e novos modelos que contribuam para os Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável, para a neutralidade carbónica e para uma economia mais verde, justa e inclusiva. É com o objetivo de poder acelerar este processo de adaptação que integro a lista de Pedro Reis para a Direção da Ordem dos Economistas cuja eleição ocorrerá a 3 de dezembro.
Os temas da prosperidade económica, do desenvolvimento sustentável e da gestão sustentável são hoje centrais para qualquer economia, sendo já alvo de regulação e de exigências de mercado. É fundamental compreender-se que uma aposta numa economia verde, inclusiva e justa é geradora de postos de trabalho dignos, contribui para aumentar a produtividade e para a modernidade da economia. Falar de sustentabilidade não é falar de decrescimento, desemprego e desconforto. É sim, falar de prosperidade, trabalhos dignos, melhoria da saúde pública, inovação e criatividade.
Como estamos numa fase de transição entre modelos económicos e tecnológicos, no dia a dia é difícil reconhecer este potencial sem ficarmos presos aos impactes negativos que uma transição desta dimensão também tem. No entanto, em toda a história económica, existiram setores que, a dada altura deixaram de existir e outros novos que foram criados. Estamos agora nesta fase em que uns ciclos se fecham e outros se iniciam.
A novidade é que hoje temos mais conhecimento e tecnologia que nos permite antecipar essa mudança e capacitar as pessoas que irão perder os empregos das empresas que não conseguirão alinhar-se, de forma a que elas consigam, atempadamente reincorporar-se no mercado de trabalho.
A novidade é que muitas das PME exportadoras, e eu tenho contactado diretamente com algumas, já perceberam que a diferenciação de mercado e a sua competitividade depende de terem um plano efetivo de sustentabilidade que minimize os impactes ambientais negativos e promova o seu impacte social positivo, pois isso é exigido pelos clientes europeus e financiadores internacionais. Por incrível que pareça, muitas PME portuguesas já compreenderam que o caminho da produtividade e do EBITDA passa por aqui.
A novidade é que muito do investimento europeu quer ajudar as empresas e as pessoas a melhorarem o seu comportamento ambiental, pois na realidade os recursos naturais são escassos e o custo das matérias primas já é uma realidade em muitos setores.
A novidade é que o país e as cidades terão de ser neutras em carbono, e portanto a mobilidade elétrica e suave terão de estar presentes em qualquer estratégia municipal moderna, sendo obviamente necessário investimentos vários mas que, também eles contribuem para a produtividade do país. Quem tiver dúvidas que procure por informação acerca da produtividade da energia em vários estudos realizados em Portugal, EUA e na Europa em geral.
Para compreender o potencial de toda esta mudança é necessário conhecimento, e ainda há muita ignorância sobre o potencial económico de uma economia verde e inclusiva. É para combater esta ignorância que me associei à lista do Pedro Reis para a próxima Direção da Ordem dos Economistas. Uma ignorância com a qual tenho lidado nos últimos 20 anos, sendo agora uma oportunidade de transformar este tema de elite, num tema de trabalho da Ordem e num tema de oportunidades profissionais para a geração que hoje entra na faculdade.
A oferta de trabalho na área da sustentabilidade hoje deve ser bem superior à oferta de trabalho nas áreas tradicionais de gestão. Não há licenciaturas em gestão sustentável, não há formação acessível a todos que junte a engenharia com a economia e finanças. É com a ambição de democratizar este conhecimento que avancei nesta aventura. Vamos ver o que o futuro nos trás.