[weglot_switcher]

Deputado do PS prevê que intervenção na TAP será “maior erro político de António Costa”

Artigo de opinião de Ascenso Simões no “Público” critica decisões do Governo em relação a uma empresa que “está em morte cerebral há muito tempo” e deverá necessitar de 2,4 mil milhões de euros para se reestruturar. E aponta para que a TAP vá “voltar a ser porta aberta dos interesses partidários e do amiguismo”
4 Julho 2020, 01h50

O deputado do PS Ascenso Simões aponta a intervenção na TAP, com a compra da participação de 22,5% detida por David Neeleman e a injeção de 1,2 mil milhões de euros do Estado na transportadora aérea, como “o maior erro político de António Costa”. Num artigo de opinião publicado na edição deste sábado do “Público”, o eleito pelo círculo de Vila Real defende que “a TAP está em morte cerebral há muito tempo, os seus principais órgãos já faliram e ninguém quer desligar a máquina e fazer o funeral que se impõe”.

“Perante este cenário, radical mas profundamente verdadeiro, o Governo português decide entrar de cabeça num processo que nos vai levar ao maior fracasso político dos governos de António Costa, a um calvário que se vai desenvolver no próximo decénio e que marcará a vida política de forma grave”, escreveu Ascenso Simões.

Para o deputado socialista, mais do que o impacto da pandemia de Covid-19 foram as transformações na aviação comercial ocorridas ao longo das últimas décadas – com a democratização do transporte aéreo a fazer com que “milhões de cidadãos passassem a viajar ao preço que melhor lhes convinha, quase nunca na TAP” – a ditar o descalabro da empresa.

“A TAP não tem futuro nesta visão salazarista de ‘orgulhosamente sós’; não tem qualquer viabilidade se não ceder no provincianismo do verde e do vermelho”, escreveu Ascenso Simões, que prevê um futuro cheio de turbulência para a companhia e, por arrastamento, para o Estado português: “A TAP vai precisar já dos 1,2 mil milhões de euros para continuar com a boca fora de água; vai precisar de mais capital, talvez o dobro, para se reestruturar; vai reduzir consideravelmente o seu pessoal, as suas rotas, a sua operação; vai alienar aeronaves; vai ficar sujeita à resposta política do dia, às obrigações de corresponder às notícias do dia; vai viver forte instabilidade laboral e vai perder os melhores quadros; vai fazer crescer os seus preços; vai ter pior serviço por ter de voar com aeronaves de outros; vai ser sujeita aos condicionalismos regionais que já hoje se fazem sentir; vai voltar a ser porta aberta dos interesses partidários e do amiguismo; vai chegar à terceira década do século com uma situação tal que mais não restará que a sua alienação a um preço módico e se houver, nessa altura, algum interessado.”

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.