Iniciado como um projeto de paz, a União Europeia foi evoluindo e, os países que compõem a Zona Euro apresentaram um esboço de união económica, social e política que deveria rivalizar com os principais blocos económicos mundiais: EUA, Japão e China.
Curiosamente foram anunciadas várias uniões (bancária, energética, transportes) mas, até ao momento, nenhuma foi concretizada. Os europeus por seu turno experienciaram milhares e milhares de páginas de regulação, alguma dela impossível de colocar em prática ou com custos, não explicados, que têm impacto significativo nas empresas e no aumento dos preços. Em comum esta regulação massiva coloca barreiras à entrada, ao desenvolvimento de negócios e da economia.
Senão por que razão não temos bancos, empresas de telecomunicações, de saúde, de energia ou de transporte que atuem em vários países da Zona Euro? Recentemente o presidente do JPMorgan, o maior banco do mundo, referiu que se comprasse um banco na Europa passaria vários anos a defender-se das ações judiciais dos seus accionistas!
A Zona Euro simplesmente não é amigável para os investidores a não ser pelos subsídios, e mesmo assim há quem prefira ficar de fora. Mas não e só na área financeira. São escassas as empresas de referência na área da tecnologia, cibersegurança, redes sociais, energia ou transportes. Dependemos nos EUA ou da China para fornecer tecnologia ou para estarmos ligados nas redes sociais. E não tenhamos dúvida, a Europa já perdeu este comboio.
A União é boa em termos financeiros, permite fluxos financeiros, mas na prática ninguém quer ir mais além. Com a Alemanha fragilizada pela sua decisão de depender da energia russa e com uma recessão imposta pelos custos energéticos e deslocalização de produção, a França tenta a sua sorte para liderar a Europa num próximo ciclo.
Mas como pode tal país liderar quando coloca os seus interesses à frente dos demais? O exemplo do entrave das interligações energéticas, do gás ou da eletricidade, da Península Ibérica com a Europa é o maior exemplo.
Portugal, numa posição única para recentrar a Europa, também não fica atrás, ao tentar impor, a toda a hora, um candidato, para um cargo europeu, que demonstrou tudo menos capacidade de gestão de um governo e de um país.
O mundo está a redefinir-se tanto a nível real como virtual. Em qualquer dos cenários a Europa não está a acautelar a sua presença nestes mundos, tornando-se cada vez mais num museu, antigo, onde as empresas de luxo são a única porta de atração.
O Médio Oriente e a China continuam com os seus planos de investimento em infraestruturas e de atração de jovens europeus, em busca de melhor remuneração, reconhecimento e fiscalidade atrativa.
Por seu lado os EUA criaram empresas tecnológicas que, com valorizações na ordem dos triliões de dólares, são impossíveis de ser compradas por atores estrangeiros ou concorrentes.
O desafio da União está em combater a inação, o facilitismo na atribuição de cargos e a burocracia excessiva, evitando que, num mundo de transformação tecnológica e digital, os cidadãos passem a confiar numa Inteligência Artificial para governar. Pode parecer utópico, mas a contagem decrescente já começou!