O acordo comercial entre a União Europeia (UE) e quatro países do Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai), concluído após mais de duas décadas de negociações, representa uma das maiores zonas de comércio livre do mundo, com 720 milhões de pessoas (273 milhões do Mercosul e 447 milhões da UE).

A Comissão Europeia destaca as seguintes vantagens para a UE:

  • Eliminar as barreiras comerciais e facilitar às empresas da UE a venda de bens e serviços e o investimento no Mercosul;
  • Promover um acesso sustentável a matérias-primas críticas, reforçando a nossa segurança económica e apoiando a dupla transição;
  • Moldar as regras do comércio mundial, alinhando-as com as normas mais rigorosas da União;
  • Enviar um forte sinal a favor de um comércio assente em regras, rejeitando o protecionismo;
  • Reforçar a integração das cadeias de valor entre as duas regiões, ajudando as indústrias dos dois lados a permanecerem competitivas no mercado mundial;
  • Projetar os valores da UE através de obrigações detalhadas em matéria de comércio e desenvolvimento sustentável, incluindo as alterações climáticas e as condições laborais.

As vantagens são extensivas a Portugal, que poderá assim diversificar os seus mercados de exportação numa altura em que Alemanha e França estão em crise económica (além de política).

A eliminação de tarifas elevadas do Mercosul nos vinhos, azeite, queijo, maquinaria, químicos, partes de carros e produtos farmacêuticos, nomeadamente, abre boas oportunidades para as empresas portuguesas, embora também enfrentem concorrência acrescida de produtos vindos do Mercosul que deixam de ter tarifas da UE, como têxtil, calçado e produtos agrícolas em segmentos de mais baixo custo.

Há ainda oportunidades de investimento direto facilitadas pelo acordo, tanto de empresas do Mercosul em Portugal – até pela localização estratégica do nosso país como entrada para a Europa –, como de empresas nacionais nesse mercado, aproveitando a proximidade cultural, sobretudo com o Brasil.

Embora haja ainda alguns obstáculos finais para a efetivação do acordo – oposição interna na França e Itália devido a preocupações sobre a concorrência desleal no setor agrícola e questões ambientais –, este é um bom exemplo do que a UE pode fazer para tentar inverter a sua crescente irrelevância económica e geopolítica na nova ordem mundial que se está a formar, com a formação de blocos em torno de EUA e China, que lutam pela hegemonia mundial. A importância da política comercial no futuro da competitividade da Europa é um dos destaques do relatório Draghi.

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