As gerações da era tecnológica, millennials (nascidos após 1982) e centennials (nascidos após 1997), estão a criar novos desafios às empresas. As características pessoais e profissionais destes jovens foram moldadas pela exposição às tecnologias, de tal forma que não conseguem conceber o mundo sem internet. Por isso, têm uma mundividência diferente da das gerações anteriores e, consequentemente, novas necessidades, expetativas e anseios a que as organizações devem saber responder.

Os desafios passam quer pela integração nas empresas destas novas gerações, quer pela satisfação das suas apetências enquanto consumidores. Em relação à integração, é sabido que millennials e centennials se sentem particularmente à-vontade em empresas intensivas em tecnologia, inovação e criatividade. Têm também preferência por ambientes de trabalho informais e por modelos organizativos pouco hierarquizados, flexíveis e objetivos. Prezam muito a autonomia no trabalho, mesmo que isso implique menor segurança e estabilidade na carreira.

Enquanto consumidores, millennials e centennials definem as suas opções de compra sob influência das tecnologias digitais. É pela internet que obtêm informação sobre bens e serviços, sendo também este o meio pelo qual, cada vez mais, realizam as suas compras. Tendências, gostos e estilos são, em grande medida, determinados pela dinâmica das redes sociais. Sabe-se também que preferem gastar dinheiro em experiências e eventos em vez de produtos e têm maior inclinação por marcas que despertam emoções. Valorizam, igualmente, as empresas que se preocupam com as questões da sustentabilidade.

Perante isto, as empresas têm de operar mudanças nos seus modelos de gestão. Há que saber potenciar as competências digitais das novas gerações, assim como a facilidade com que estas acompanham as tendências, a maneira como interagem com os diferentes públicos, a criatividade que colocam nos projetos, o pragmatismo com que procuram soluções para problemas concretos, o maior desprendimento com que encaram a carreira profissional e a capacidade que revelam para se adaptar a novos contextos. Os gestores devem ser sensíveis a estas valências e estruturar as suas empresas em função das mesmas, de modo a tirar máximo proveito das hard e soft skills dos nativos digitais.

Por maioria de razão, as caraterísticas pessoais e profissionais das novas gerações são especialmente talhadas para o empreendedorismo. De resto, millennials e centennials já incorporam a ideia de que não existe emprego para a vida. Neste sentido, estão mais propensos a criar o seu posto de trabalho e a assumir riscos. Importa, pois, garantir condições e incentivos para que as novas gerações canalizem para os negócios toda a sua energia empreendedora e a sua capacidade para transformar necessidades em oportunidades.