A Web Summit 2021 voltou a reunir em Lisboa, esta semana, a comunidade de tecnologia e empreendedorismo mundial. Segundo Paddy Cosgrave o evento é a oportunidade de “descobrir o futuro”.
Mas que futuro? A questão é provocatória e serve para apelar à nossa consciência. Onde ficamos nós cidadãos comuns, neste amanhã que se desenha no mundo da inteligência digital? Em 2016, Klaus Schwab, fundador e presidente executivo do Fórum Económico Mundial, alertava para uma revolução a nível físico, biológico e digital que iria mudar significativamente a forma como vivemos, trabalhamos, consumimos e nos relacionamos com as outras pessoas.
A escala, amplitude, complexidade e intensidade da inovação tecnológica são evidentes se olharmos para o impacto que teve associada a pandemia de Covid-19. Todos fomos obrigados a mudar a rotina profissional, os rituais de sociabilidade e a remover as limitações geográficas. Rumo a uma vida digital, que de acordo com o arquiteto visionário Negroponte, autor do livro “Ser Digital”, de 1995, “incluirá cada vez menos dependência de estar num lugar específico, num momento específico”.
Tal cenário, implica, também, mudanças económicas, sociais e culturais de proporções incomensuráveis e avisa-nos que não podemos voltar as costas à impressibilidade e ressonância que o desenho do nosso futuro pode ter no rumo das nossas vidas reais no mundo digital. Assim, temos que estar informados para conseguir transformar estes factos em vantagens.
Neste contexto, a Internet volta assumir um novo papel. Deixa o repositório 2D e foca-se nas experiências 3D, uma aposta possível graças aos avanços tecnológicos da 5G, que permitem uma melhor, mais consistente, e móvel conectividade. Desafio que Mark Zuckerberg abraçou, a semana passada, ao anunciar que a sua empresa está no futuro metaverso. Termo que teve origem em 1992 no romance de ficção científica “Snowcrash”, de Neal Stephenson, publicado no mesmo ano, em que o autor explora a complexidade da realidade virtual semelhante ao mundo real.
Recorrendo a outro filme, “The Matrix”, significa que qualquer coisa que possamos imaginar pode existir, ao estendermos as nossas vidas reais para um mundo puramente virtual. A gamificação em massa, ganha, assim, grande destaque na nossa vida quotidiana. A integração de informação do mundo real no mundo digital lúdico amplia a interação das pessoas, fazendo com que se comportem da maneira idealizada.
Como esta onda de inovações disruptivas emergentes no mundo real está longe de resumir-se a uma semana de Web Summit, e ao novo nome da empresa de Zuckerberg, importa promover uma discussão viva e franca, mais alargada, sobre o potencial destas mudanças nos espaços físicos onde vivemos.
A interligação das realidades vão, com toda a certeza, revolucionar o nosso futuro nas cidades, nos bairros, nas nossas casas. Se não nos questionarmos, vamos ser ultrapassados pelas mudanças de paradigma social alimentadas por comunidades globalmente virtuais, economias digitais e novos modelos de governação. O habitat do futuro é virtual.