A desertificação do interior do País é um fenómeno que se faz sentir há décadas, à medida que a população se foi concentrando nos centros urbanos do litoral. Trata-se de um problema difícil de resolver, mas será que o estamos a analisar a partir do ângulo correto?

Tendo em conta a tendência atual a nível de nascimentos, o que nos espera é inevitável: à medida que a população envelhece, Portugal terá cada vez menos gente, sobretudo no interior. O Estado e as autarquias devem criar incentivos para atrair pessoas e empresas para essas regiões, mas não existem panaceias milagrosas, nem é possível fixar habitantes por decreto. Dentro de uma geração, algumas áreas do interior do País deixarão de ser habitadas. Porém, tal como defendeu há dias o economista Pedro Braz Teixeira num encontro do Fórum para a Competividade, a desertificação humana não deve ser confundida com o abandono do território, que pode ser evitado.

Portugal terá de aprender com outros países para se adaptar à nova realidade demográfica. Entre outras coisas, temos de reorganizar o território e o mapa das autarquias, descentralizar serviços e usar novas tecnologias para garantir a proteção das populações e do ambiente.

Será também uma oportunidade para reorganizar a estrutura de propriedade da floresta, abrindo caminho a um aproveitamento mais eficiente dos recursos, bem como à sua proteção contra os incêndios. A este desafio acresce o do impacto das alterações climáticas, sobretudo nas zonas costeiras. Em suma, falta uma nova estratégia para a gestão do território.

Nota: nesta edição, o JE publica a primeira sondagem no âmbito de uma parceria com a Aximage, empresa que tem 30 anos de experiência em estudos de opinião. Todos os meses, teremos novas sondagens sobre temas da atualidade, da política, da economia, do desporto e outras áreas.