Mesmo com a montanha-russa geopolítica, e, muito por causa disso, económica, em que vivemos, uma catherine wheel de fogo de artifício que tem um ponto central em Washington, é possível ganhar dinheiro. Muito dinheiro, quando vemos as oscilações em todos os mercados, das ações às obrigações, ao petróleo e às matérias-primas.
O VIX, o CBOE Volatility Index da Chicago Board Options Exchange, que mede a expectativa de volatilidade do mercado acionista norte-americano, com base nas opções sobre S&P 500, um dos principais índices, chegou aos 45,31 pontos com a guerra das tarifas iniciada por Donald Trump. Foi o valor mais elevado desde o início da pandemia de Covid-19, em março de 2020, sendo que o pico anterior tinha sido atingido no final de 2008, com a falência do Lehman Brothers e a crise financeira que provocou o caos global.
É autoexplicativo quando a comparação se faz com eventos globais disruptivos.
Neste período de incerteza lembrei-me de uma visita à sala de câmbios do então BPA, de madrugada. Um dia enfadonho, sem nada que o destacasse. Bom para o negócio? Perguntei. Não, péssimo. Só com alguma coisa a acontecer é possível ganhar dinheiro, disse-me um dos corretores, numa equipa que tinha vivido intensamente as quebras da lira e da libra e as voltas do Sistema Monetário Europeu. Perguntem a George Soros como foi esse período.
Sabendo que há dinheiro para se ganhar na volatilidade e que os Estados Unidos têm um presidente que se identifica como um negociante e é, ao mesmo tempo, a fonte de instabilidade que tem feito mexer os mercados de capitais, há uma dúvida legítima sobre a base das decisões tomadas. Melhor, uma suspeita.