O mundo cresceu, desenvolveu-se e prosperou com as parcerias globais e de repente… puff! Este terramoto global de tarifas pra cá, contra tarifas pra lá (movimento ainda muito fluido), mas que está a ser um teste às “forças endógenas” e patriotismo de cada país.

Pelas Áfricas o susto é real e a vergonha na cara começa a surgir…; A realidade bateu à porta sem avisar: acabou-se o tempo das esmolas disfarçadas de “ajuda ao desenvolvimento,” aquelas que, convenhamos, não desenvolveram lá grande coisa. Agora é cada um por si e tarifas para todos.

As Áfricas estavam a precisar de um abanão para perceber que o continente é riquíssimo de recursos, a transbordar energia, solo fértil, sol, mas que continuam sem conseguir traduzir esse potencial em riqueza real para as suas pessoas apesar da sua resiliência e juventude.

As Áfricas do Sahel, por exemplo, andam tranquilas e discretamente a fazer os trabalhos de casa, um caminho novo de reposicionamento das suas forças endógenas para estarem mais preparados para o novo futuro da globalização numa posição mais de igual para igual. Esse novo movimento começa a crescer, porque não é apenas acerca de mais dinheiro para investimento, mas sim uma mudança de mentalidade que se questiona. Porque não, pensar com a própria cabeça? Porque não fazer com o que temos? Porque não tentar as nossas soluções sem as mesmas receitas de sempre? É um movimento quase revolucionário.

Por outro lado, há outras Áfricas ainda a tentar digerir o susto e a paralisação é real. Está difícil largar o vício das “rendas” internacionais. Os governos rendeiros continuam à espera de doadores, na esperança de mais um “presentinho de comissão” na próxima mina ou terras raras.

No fundo, este novo cenário parece um reality show geoeconómico; Uns reinventam-se, outros negam até ao fim, mas ninguém pode ignorar que a dinâmica mudou. E, cá entre nós, talvez esta “(des)globalização” seja e será só um susto da nova fase e face da globalização original, cheia de conflitos, mas a precisar mesmo é de um bom banho de realidade.

E as Áfricas? Bem, ou aproveitam o susto para crescer e fazer diferente, ou continuam à espera que alguém venha montar a tenda. A escolha é delas. E o tempo… já começou a contar.