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“Devíamos ter reagido melhor, incluindo eu próprio”, admite ministro das Finanças da Holanda

“Quando causas tanta tempestade como agora, aparentemente é porque não te saíste bem”, confessou o homólogo de Mário Centeno no Governo holandês, em entrevista a uma televisão local. “Sobre ‘coronabonds’ ou ‘eurobonds’, ou como lhe quiserem chamar, isso não é prudente. É uma solução para um problema que não existe agora”, realçou.
Arenda Oomen
31 Março 2020, 16h11

O ministro das Finanças da Holanda recuou esta terça-feira nas críticas aos países da Europa do Sul e disse que “apelar à solidariedade” entre os Estados-membros “faz sentido”. Em entrevista ao canal de televisão holandês “RTLZ”, Wopke Bastiaan Hoekstra admitiu que “deveria ter feito melhor”, porque a sua posição sobre os eurobonds, mas a imagem solidária não foi bem transmitida.

“Não estivemos bem. Não demonstrei suficiente empatia na minha mensagem”, afirmou o governante holandês. “Quando causas tanta tempestade como agora, aparentemente é porque não te saíste bem”, confessou o homólogo de Mário Centeno no Governo holandês.

Em causa está o facto de a Holanda não estar a favor da emissão de títulos de dívida europeus – os chamados ‘eurobonds’ ou ‘coronabonds’- nem da opção de recorrer ao Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE). Ou seja, medidas defendidas pelos países da Europa do Sul, como Itália e Espanha e mesmo Portugal.

“Sobre coronabonds ou eurobonds, ou como lhe quiserem chamar, isso não é prudente. É uma solução para um problema que não existe agora”

Por outro lado, o ministro disse que a Holanda está disposta a discutir a contribuição “mais do que a sua justa quota” de “dinheiro novo” para algum tipo de programa de apoio europeu. “Esta é principalmente uma crise de saúde. Estou em constante discussão com os meus colegas. Uma União Europeia forte também é do nosso interesse. Devíamos ter reagido melhor, incluindo eu próprio”, explicou à mesma estação televisiva local.

Na sexta-feira, o primeiro-ministro considerou “repugnante” e excessiva uma declaração do ministro das Finanças da Holanda na qual defendeu que a Comissão Europeia devia investigar países como Espanha, que dizem não ter margem orçamental para responder ao impacto da crise provocada pelo novo coronavírus. António Costa diz que essa ideia não se insere no “quadro de uma União Europeia” e, pouco tempo depois, o Presidente da República mostrou-se “obviamente solidário” com a “indignação” do líder do Governo.

Marcelo Rebelo de Sousa acredita na posição do primeiro-ministro e considera que não se pode “aceitar que haja, num processo que deve ser de unidade, atuações que enfraqueçam a Europa, num momento crítico e fundamental”. “Se cada um de nós, dentro da Europa, começa a dizer mal dos outros onde vai parar a solidariedade? É como numa família”, disse à imprensa.

https://jornaleconomico.pt/noticias/wopke-hoekstra-quem-e-o-ministro-holandes-que-tirou-antonio-costa-do-serio-567479

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