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Diferencial de investimento entre Portugal e a média de UE desde 2010 equivale a mais de 40% do PIB

A Associação Business Roundtable Portugal salienta a urgência de se “realizar mais investimento produtivo em Portugal, privado e público, para acelerar o crescimento económico do país, para aumentar a produtividade e a inovação, para que Portugal se posicione de forma distintiva na transição tecnológica e na transição energética”.
7 Abril 2025, 07h55

O investimento que Portugal tem feito nos últimos 15 anos foi significativamente inferior ao da União Europeia (UE), equivalendo o diferencial a mais de 40% do PIB português, segundo o terceiro Snapshot Comparar para Crescer.

A análise foca-se na competitividade nacional em diversos prismas e faz uma comparação com os “países concorrentes”, um grupo de oito economias da UE (Espanha, Eslovénia, Estónia, Grécia, Hungria, Itália, Polónia e República Checa) que no ano de 2000 tinham um PIB per capita nominal próximo de Portugal.

Perante esta análise, conclui-se que o investimento privado em Portugal correspondeu a 16% do PIB em 2024, um valor que é o quarto mais baixo dos ‘países concorrentes. Já o investimento público português, no mesmo ano, representou apenas 3% do PIB, um valor que fica atrás do investimento realizado pela Estónia, Eslováquia e Polónia.

Com estes dados, a Associação Business Roundtable Portugal (BRP) salienta a urgência de se “realizar mais investimento produtivo em Portugal, privado e público, para acelerar o crescimento económico do país, para aumentar a produtividade e a inovação, para que Portugal se posicione de forma distintiva na transição tecnológica e na transição energética”.

A BRP refere que o investimento em inovação “fomenta o crescimento económico e o aumento da produtividade”, contudo Portugal enfrenta alguns desafios significativos, que se refletem no reduzido volume de investimento em capital de risco, que representava apenas 6,8 pontos base do PIB em 2024. Um valor inferior ao da média da UE.

O pouco investimento nesta área limita a “capacidade das empresas portuguesas de inovar, de criar modelos de negócio disruptivos e de escalar globalmente”.

Na competitividade nacional o relatório salienta que o crescimento económico passa “pela desburocratização ou como a redução do garrote fiscal (tax wedge) sobre os rendimentos do trabalho é instrumental para a atração e retenção de talento”.

Nesta categoria, a BRP refere que o IRS Jovem é uma “oportunidade semi-perdida, num momento em que a concorrência internacional por talento qualificado se intensifica. A redução permanente do tax wedge é, por isso, como uma prioridade para atrair e reter talento em Portugal”.

Já sobre a carga fiscal sobre o trabalho a análise afirma que “se Portugal tivesse uma taxa de tributação sobre o trabalho ajustada ao seu nível de rendimento médio na OCDE, o garrote fiscal ficaria nos 30,7%, isto é, menos 11,6 pontos percentuais face à realidade”.

“O efeito deste garrote fiscal é ainda mais evidente no sector das tenologias de informação e comunicação (TIC), uma das áreas de maior procura global e identificada pelo Relatório Draghi como central para a transformação digital da Europa”, saliente a BRP.

Estas cargas fiscais levam a que em Portugal se leve um menor salário para casa. No nosso país o salário horário médio no setor das tecnologias é de 19,1 euros, colocando o país na 21.ª posição entre os países analisados, ou seja, um valor inferior ao praticado nos ‘países concorrentes’.

A burocracia é outro fator que tem de ser tratado em Portugal, “não nos podemos dar ao luxo de ignorar o peso da burocracia no seu desenvolvimento económico”. “Para se tornar numa economia mais competitiva, o país terá de acelerar reformas estruturais que simplifiquem processos, garantam maior previsibilidade e promovam o investimento e a inovação”, afirma a BRP.

A análise refere ainda a competitividade energética, sendo este um ponto crítico para todas as atividades, uma vez que é a principal fonte de energia para a produção de bens e é fundamental na nova era da tecnologia.

Apesar de Portugal realizar investimentos importantes em fontes renováveis e na maior eficiência no consumo de energia na indústria, os “mecanismos de construção dos preços de eletricidade para os consumidores finais não permitem refletir tais benefícios, para além de serem agravados com taxas e custos superiores aos praticados noutras países europeus”.

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