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Dinamarca está a ‘matar’ a Tesla (e os outros ‘elétricos’)

Na Dinamarca, as vendas de veículos eletrificados caíram 60,5% nos primeiros três meses do ano, comparativamente ao registado em período homólogo de 2016. A quebra fez alterar as regras fiscais em vigor naquele país, mas ainda reina a confusão no mercado.
2 Junho 2017, 14h51

As vendas de veículos eletrificados (100% elétricos e híbridos plug-in) na Dinamarca registaram uma descida homóloga de 60,5% no primeiro trimestre de 2017, de acordo com os mais recentes dados da ACEA, a associação que congrega os construtores europeus de automóveis. Estes resultados contrastam com a média europeia, onde as vendas deste tipo de veículos cresceu 30% nos três primeiros meses do ano, e mais ainda com as vendas da vizinha Suécia, onde o primeiro trimestre de 2017 trouxe uma variação homóloga de 80%.

Até ao final de 2015, os veículos eletrificados vendidos na Dinamarca beneficiavam de vários incentivos fiscais, sendo o maior a isenção de pagamento do imposto de importação de 180% cobrado por aquele país. Mas o governo do Primeiro-Ministro Lars Lokke Rasmussen anunciou que, a partir de 2016, estes incentivos iriam começar a ser, progressivamente, eliminados. Os motivos evocados na altura foram constrangimentos orçamentais e a vontade de nivelar a concorrência.

Os planos originais do Governo dinamarquês eram o desaparecimento progressivo dos incentivos entre 2016 e 2020, altura em que estariam em pé de igualdade com os modelos munidos apenas de motores térmicos. Mas a quebra de vendas registada no primeiro trimestre de 2017 levou a que o governo decidisse mudar, novamente, as regras. “Não é segredo para ninguém que as vendas de elétricos estão muito abaixo do que esperávamos há um ano e meio”, afirmou Karsten Lauritzen, ministro dinamarquês com a pasta dos Impostos, acrescentando: “O regime acordado acabou por ser demasiado duro e terá sido responsável pela quebra das vendas.”

Assim, o desaparecimento faseado dos incentivos só entrará em vigor quando for atingida a fasquia dos 5000 veículos vendidos entre 2016 e 2018 – até ao final do primeiro trimestre de 2017, as vendas rondavam as 2000 unidades. Caso este valor não seja atingido, o fim dos benefícios começará em 2019. Nesse ano, os veículos eletrificados passam a pagar 40% de imposto, podendo deduzir ao valor obtido um total de 1300 euros. Em 2020 o imposto sobre para 65% do valor do carro, aumentando seguidamente para 90% em 2021 e atingindo os 100% em 2022.

A incerteza de até quando existem incentivos tem causado alguma confusão no mercado, tanto nos consumidores como os vendedores. Laerke Flader, presidente da Associação Dinamarquesa de Veículos Elétricos, afirmou à Bloomberg que esta confusão nas regras dos incentivos levou a que os concessionários tenham diminuído a sua aposta nestes veículos: “A indústria de carros elétricos não quer investir num mercado que pode existir dentro de um ano. Prefere investir onde haja melhores condições e estas sejam previsíveis a longo prazo.”

Ainda assim, o responsável associativo antecipa um aumento das vendas assim que os concessionários possam começar a anunciar novamente preços livres de impostos, porque “o preço conta muito”.

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