[weglot_switcher]

Disrupção financeira? “A banca não pode ser empurrada para apenas guardar depósitos”, diz Paulo Macedo

O diretor-geral do N26 para Portugal defendeu ser “ridículo” que a banca cobre taxas e comissões. Na sua resposta, o presidente da CGD realçou três diferenças que separam os bancos tradicionais das fintech.
  • Cristina Bernardo
22 Outubro 2019, 12h57

O presidente executivo da Caixa Geral de Depósitos (CGD), Paulo Macedo, alertou para o perigo potencial de a banca estar a ser “empurrada para apenas guardar depósitos” em consequência da disrupção tecnológica implementada pelo surgimento das fintech.

À margem do “Grande Encontro Banca do Futuro”, organizado pelo “Jornal de Negócios”, em Lisboa, o presidente executivo do banco público foi instado a comentar as declarações do general manager do N26 para Portugal que defendeu ser “ridículo” que a banca cobre taxas e comissões. Na sua resposta, Paulo Macedo realçou três diferenças que separam os bancos tradicionais das fintech.

“A banca presta um serviço diferente em relação aos operadores pontuais e presta um serviço diferente porque a banca tem uma relação global e de confiança”, começou por dizer o CEO do banco do Estado.

“Esses operadores não têm capital, não aceitam depósitos e a confiança nos mesmos é bastante mais diminuta do que a confiança nas instituições bancárias que são reguladas e supervisionadas”, vincou Paulo Macedo.

Mais importante do que a distinção entre bancos tradicionais e bancos digitais (e outras fintech) é aferir se estes novos operadores nascidos digitais “concorrem em pé de igualdade” que “não têm capital nem o mesmo tipo de regulação” dos bancos, salientou Paulo Macedo.

“O que não pode acontecer é que a banca seja empurrada para apenas guardar depósitos”, alertou o presidente do banco público. “Se todas as outras franjas de negócio – serviços de pagamento e crédito ao consumo e hipotecário – forem para este tipo de operadores, então a banca fica com um negócio que hoje em dia representa perdas”, referiu.

Paulo Macedo foi ainda questionado sobre o aumento das comissões. “A Caixa, para o ano que vem, mantém mais de 90% das suas comissões inalteradas. Mantém mais de dois milhões de clientes de pessoas isentas no seu MBWay. E mantém mais de 350 mil reformados isentos”, respondeu Paulo Macedo.

Além disso, explicou que “até ao semestre, teve menos de 1% de aumento nas comissões” e antecipou que até ao final do ano esse número oscile “entre 2% e pouco mais”.

Paulo Macedo disse ainda que as empresas e os particulares estão a viver com custos financeiros historicamente baixos.

“O atual ambiente das taxas de juro nos últimos 40 anos nunca foi tão baixo”, disse Paulo Macedo.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.