O presidente executivo da Caixa Geral de Depósitos (CGD), Paulo Macedo, alertou para o perigo potencial de a banca estar a ser “empurrada para apenas guardar depósitos” em consequência da disrupção tecnológica implementada pelo surgimento das fintech.
À margem do “Grande Encontro Banca do Futuro”, organizado pelo “Jornal de Negócios”, em Lisboa, o presidente executivo do banco público foi instado a comentar as declarações do general manager do N26 para Portugal que defendeu ser “ridículo” que a banca cobre taxas e comissões. Na sua resposta, Paulo Macedo realçou três diferenças que separam os bancos tradicionais das fintech.
“A banca presta um serviço diferente em relação aos operadores pontuais e presta um serviço diferente porque a banca tem uma relação global e de confiança”, começou por dizer o CEO do banco do Estado.
“Esses operadores não têm capital, não aceitam depósitos e a confiança nos mesmos é bastante mais diminuta do que a confiança nas instituições bancárias que são reguladas e supervisionadas”, vincou Paulo Macedo.
Mais importante do que a distinção entre bancos tradicionais e bancos digitais (e outras fintech) é aferir se estes novos operadores nascidos digitais “concorrem em pé de igualdade” que “não têm capital nem o mesmo tipo de regulação” dos bancos, salientou Paulo Macedo.
“O que não pode acontecer é que a banca seja empurrada para apenas guardar depósitos”, alertou o presidente do banco público. “Se todas as outras franjas de negócio – serviços de pagamento e crédito ao consumo e hipotecário – forem para este tipo de operadores, então a banca fica com um negócio que hoje em dia representa perdas”, referiu.
Paulo Macedo foi ainda questionado sobre o aumento das comissões. “A Caixa, para o ano que vem, mantém mais de 90% das suas comissões inalteradas. Mantém mais de dois milhões de clientes de pessoas isentas no seu MBWay. E mantém mais de 350 mil reformados isentos”, respondeu Paulo Macedo.
Além disso, explicou que “até ao semestre, teve menos de 1% de aumento nas comissões” e antecipou que até ao final do ano esse número oscile “entre 2% e pouco mais”.
Paulo Macedo disse ainda que as empresas e os particulares estão a viver com custos financeiros historicamente baixos.
“O atual ambiente das taxas de juro nos últimos 40 anos nunca foi tão baixo”, disse Paulo Macedo.
Taguspark
Ed. Tecnologia IV
Av. Prof. Dr. Cavaco Silva, 71
2740-257 Porto Salvo
online@medianove.com