Ao contrário do que António Teixeira escreve no seu excelente “Herdeiro de Aécio”, a nova notação da Standard & Poor’s da dívida pública portuguesa, que passou para “dois níveis acima do lixo”, acabou por ser noticiada como “um espectacular salto no rating”.

Quem se encarregou de enfatizar esse espectacular salto, foi o ministro Centeno. Nem podia ser outro. Disse que a nova classificação significa o “reconhecimento e o percurso que fizemos nos mercados financeiros”.

O que quer que signifique tal “salto” o certo é que se o ministro Centeno quisesse ser isento – que nunca será enquanto for ministro – teria de acrescentar que não fosse o “colossal” aumento de impostos do renegado Gaspar e o lixo continuava o mesmo. E sabemos aliás, mas Centeno também nunca o dirá, quem nos atirou para o lixo.

O ponto é que o “dois níveis acima do lixo”, que é toda uma filosofia da governação socialista nos últimos três anos e meio, ao invés do que Centeno e Costa esperavam, não está a produzir, nas sondagens, um “espectacular salto” nos resultados do PS. Ao invés, quer a da semana passada quer a desta semana traduzem um crescimento de cerca de 4% do PS, por comparação com as eleições de 2015. Não é sequer um salto…

E nas eleições europeias ou muito me engano ou a haver salto vai ser às arrecuas. Mas a explicação para essa realidade também está nas sondagens. Por exemplo, naquela parte em que os portugueses, em larga maioria, entendem que a “ economia” – que é o que decidirá das próximas eleições – está na mesma ou pior por comparação com o ano passado.

No fundo, a avaliação dos portugueses da governação socialista coincide com a nova bitola da Standard & Poor’s: dois níveis acima do lixo. É muito pouco para um “espectacular salto”!

O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.