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Dois terços dos investidores em bitcoin não consultam especialistas financeiros

Conclusões do inquérito aos investidores da CMVM indica que os investidores em ICO e bitcoin “julgam ter um conhecimento financeiro melhor do que têm na realidade”.
3 Outubro 2018, 16h23

Assumem que têm uma literacia financeira acima da realidade e não consultam profissionais da indústria financeira: é este o perfil do investidor cripto, ou seja, em initial coin offerings (ICO) e bitcoins, delineado pelos resultados do “4º Inquérito Online aos Investidores Portugueses”, divulgado esta quarta-feira pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

O inquérito online com 48 perguntas teve como objetivo recolher informação sobre os comportamentos e atitudes de investidores de retalho no mercado de valores mobiliários. Contou com 2.311 participantes e teve como um dos focos a tecnologia. Assim, a CMVM decidiu dividir a amostra entre ‘techies’ – que afirmam possuir conhecimentos da internet e novas tecnológicas “muito superiores” à média da população portuguesa – e ‘não-techies’ – que afirmam possuir conhecimentos nestas áreas “muito inferiores”, “iguais” ou “superiores” à média.

No total dos inquiridos, 149 detêm bitcoins ou tokens de ICO e a CMVM sublinha que muitos techies não detêm estes ativos. O regulador afirma que há “diferenças relevantes” entre os ‘techies’ e a restantes inquiridos. “De igual forma, há também diferenças notáveis entre os investidores em criptomoedas (ICOs/Bitcoins) e os restantes investidores”, revela.

Os investidores em ICO e bitcoin que afirmam ter conhecimentos muito superiores face à média da população portuguesa apresentam scores mais elevados de literacia financeira, “mas também julgam ter um conhecimento financeiro melhor do que têm na realidade”, explica o relatório sobre os resultados.

“Mais de metade (63%) dos investidores em ICO/Bitcoins acreditam que sabem o suficiente sobre investimentos, não tendo necessidade de consultar um profissional da indústria financeira, o que compara com 60% nos ‘techies’ e 43% no total da amostra”, refere.

Em relação ao perfil, os investidores em ICO e bitcoins são mais jovens, detêm mais ações e são mais propensos ao risco. 47% têm entre 25 a 39 anos (face aos 39% da média da amostra), 93% detêm ações (84% da média total) e 62% são mais propensos ao risco (38% da média total).

“Na análise a enviesamentos comportamentais no investimento conclui-se que ‘a tendência para manter “losing stocks no portfolio por tempo demais’, está mais presente nos investidores em ICOs e nos investidores que afirmam ter conhecimentos muito superiores face à média da população portuguesa do que para os restantes – para estes últimos, a presença dos vieses ‘aversão à perda’, ‘falácia do jogador’ (que se traduz em excesso de confiança) e ‘tendência de vender winning stocks cedo demais’, está mais presente do que nos primeiros”, acrescenta a CMVM.

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