Nos últimos tempos, os mercados financeiros, especialmente nos Estados Unidos, têm vivido uma fase de crescimento assinalável, tendo o S&P500 muito próximo de atingir máximos históricos no passado dia 3 de janeiro.

Esta realidade convida-nos a uma reflexão aprofundada, especialmente quando consideramos o panorama económico global e as políticas monetárias em vigor. Atualmente, vive-se uma expectativa de mudança na política monetária da Reserva Federal dos EUA (Fed), sendo isso um reflexo claro do impacto que as decisões dos bancos centrais podem ter nos mercados.

Esta fase ascendente do mercado tem sido maioritariamente impulsionada pela antecipação de uma inversão na tendência da política monetária. Nos últimos anos, assistimos a uma postura mais contracionista por parte dos bancos centrais, com taxas de juro mais elevadas a fim de combater a inflação alta consequente de razões multifatoriais.

Contudo, agora, perante os sinais de que se poderá começar a reduzir as taxas de juro, os mercados reagiram de forma positiva, mostrando o quão fundamental é a política monetária na sua dinâmica.

Este contexto leva-nos à famosa máxima de Ned Davis, um investidor financeiro americano de renome: “Don’t Fight the Fed”. Embora inicialmente pensada como uma regra pedagógica para os colaboradores da sua empresa, esta orientação rapidamente se tornou um princípio amplamente reconhecido. Essencialmente, esta regra salienta a importância de estar em harmonia com as políticas dos bancos centrais, especialmente no que toca às taxas de juro. A ideia é que estar em consonância com as ações da Fed, em vez de contrariá-las, é crucial para um potencial sucesso nos mercados financeiros.

A aplicação do princípio “Don’t Fight the Fed” no contexto atual, considerando a política de forward guidance da Fed, sugere que os investidores devem estar particularmente atentos às indicações dadas pelo banco central. Este novo panorama cria um ambiente potencialmente mais favorável para o crescimento do mercado acionista.

Importante também destacar que os mercados têm um mecanismo de forward-looking, ou seja, reagem não apenas aos eventos atuais, mas principalmente às expectativas futuras. Assim, a antecipação de uma política monetária mais acomodatícia tem vindo a justificar o atual nível a que os mercados acionistas se encontram.

Olhando então para o futuro, a máxima “Don’t Fight the Fed” serve como um lembrete importante para que os investidores se mantenham vigilantes face às mudanças nas políticas monetárias e ajustem as suas estratégias de acordo com isso. Embora o cenário atual se apresente promissor, os mercados financeiros são dinâmicos e sujeitos a alterações rápidas.

Assim, é fundamental que os investidores estejam preparados para adaptar as suas abordagens de investimento à medida que novas informações e tendências sejam reveladas, mantendo sempre um olhar atento às ações e orientações da Fed.