O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, afirmou esta terça-feira que poderão ser necessárias novas medidas de estímulo para a zona euro e não descartou, em caso de necessidade, um novo corte na taxa de juros. O líder do banco central revelou que, nas próximas semanas, o Conselho de Governadores irá deliberar sobre como é que as ferramentas de política monetária serão implementadas, de forma a serem adaptadas para mitigar os riscos.
“Na ausência de melhorias, isto é, se as condições que ameaçam o regresso a um nível de inflação sustentado persistirem, serão necessários estímulos adicionais”, disse, esta manhã, o presidente cessante do BCE, durante o discurso no Fórum do BCE, que decorre até esta quarta-feira, em Sintra.
“Os membros do Conselho de Governadores manifestaram a convicção em prosseguir, de forma sistemática, a meta para inflação, próxima dos 2%. Tal como, no passado, o enquadramento da nossa política orçamental teve de evoluir para enfrentar desafios, poderá fazê-lo novamente”, adiantou. “Nas próximas semanas, o Conselho de Governadores irá deliberar sobre como é que os instrumentos podem ser adaptados proporcionalmente à gravidade do risco da estabilidade dos preços”, acrescentou Mario Draghi.
Entre os instrumentos anunciados pelo ainda presidente do BCE, Mario Draghi referiu a política caracterizada por “mais cortes nas taxas de juro”, assim como” medidas que permitam conter efeitos colaterais”.
O líder do BCE acrescentou ainda que o banco central permanece “capaz de reforçar o guidance para o futuro (…) considerando as variações do caminho para a inflação”. “Isto aplica-se a todos os nossos instrumentos de política monetário”, frisou.
Draghi sublinhou que a orientação da política monetária tem sido “paciente”, como resposta aos “choques negativos ” que surgem “repetidamente”, “persistente” porque a política monetária continuará suficientemente acomodatícia para assegurar uma convergência sustentada da inflação e “prudente” porque continuam atentos às dinâmicas da inflação e aos riscos – “iremos ajustar de forma apropriada a política”.
As lições do passado recente também foram abordadas por Mario Draghi. “Se a crise nos mostrou alguma coisa, foi que nós podemos dispor de toda a flexibilidade compreendida dentro das nossas competências para cumprir o nosso mandato – e iremos fazê-lo outra vez para responder aos desafios futuros que impendem sobre a estabilidade dos preços”, reforçou.
O foco central da política monetária do BCE consiste em calibrar a inflação no médio-prazo. “Uma taxa de inflação abaixo, mas próxima dos 2%”, recordou Mario Draghi. Ainda assim, para atingir este objetivo que é “sistemático”, o ainda presidente do BCE recordou que tal significa que, em algum período do futuro, “a inflação terá de ser superior [a 2%] “.
Reforço da estabilidade da política monetária comum
Mario Draghi abordou ainda a importância da estabilização da política monetária comum para “manter a confiança dos investidores nos países com elevada dívida pública, pouco crescimento e reduzida manobra orçamental”. Neste contexto, o presidente do BCE referiu o aumento da produção na zona euro através de reformas e investimento público, mas “respeitando o enquadramento orçamental europeu”.
“Trabalhem, de forma mais alargada e com determinação renovada, num instrumento de estabilização de um orçamento comum de tamanho e estrutura adequados”, frisou.
(Atualizada às 10h19)
Taguspark
Ed. Tecnologia IV
Av. Prof. Dr. Cavaco Silva, 71
2740-257 Porto Salvo
online@medianove.com