Quase 1.200 bancários responderam às questões colocadas num inquérito realizado pelo Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários (SNQTB). Este é o maior inquérito realizado em Portugal, até ao momento, entre os trabalhadores bancários, com o intuito de avaliar a forma como viveram a pandemia até agora.
Em traços gerais, os resultados obtidos – e que faremos chegar às administrações das instituições bancárias – confirmam algum do feedback por nós recebido ao longo dos últimos meses através das comissões sindicais e delegações do SNQTB, ou em contacto pessoal connosco, a nível diretivo. Em todo o caso, há alguns dados surpreendentes e que emergiram a partir das respostas.
Por limitações de espaço, não é meu intuito analisar aqui de forma detalhada os resultados globais (que poderão, em breve, ser consultados no nosso site). Por isso, com a vossa permissão, salto para duas linhas de força que gostaria de destacar.
Nos últimos meses, todos nós passámos por um autêntico terramoto profissional. Porém, no caso dos bancários, com o intuito de assegurar a continuidade dos serviços financeiros essenciais ao normal funcionamento da nossa economia, em pouco tempo foi necessário ajustar comportamentos a uma nova realidade que veio alterar, de forma significativa, as rotinas profissionais. Os bancários fizeram-no sem qualquer interrupção nos serviços bancários prestados, trabalhando mais horas e assumindo um maior volume de tarefas, para que tudo decorresse com a normalidade possível.
Isto dito, ultrapassado que está este primeiro embate com a pandemia, não seria razoável, como recompensa pelo brio e empenho dos bancários, agora que o teletrabalho deixa de ser ‘obrigatório’, manter essa opção em cima da mesa, pelo menos até ao final do ano? Sempre que tal seja possível e se essa for a preferência do trabalhador? Aprofundar o seu enquadramento para o futuro?
Da nossa parte, há muito que lutamos, em sede de contratação colectiva, por uma regulamentação do teletrabalho mais pormenorizada. Essa é a vontade de uma parte não despicienda dos trabalhadores bancários, pretensão que não colide em muitas circunstâncias com os interesses das entidades patronais. Importa, por isso, aproveitar a janela de oportunidade e avançar para o seu aprofundamento.
Igualmente importante, seria justo que os bancários que estiveram, e ainda estão, na linha da frente, mais expostos ao risco de contágio, beneficiassem de um subsídio de risco. Um subsídio que poderia revestir a forma de um complemento pecuniário, ou de dias adicionais de férias.
Em suma, aprofundamento da regulamentação do teletrabalho e subsídio de risco. Escutámos os bancários e vamos dar a devida sequência ao seu feedback em sede de negociação. Por uma razão muito simples. São justas e razoáveis.