O contexto do mercado de transações de empresas evoluiu muito nos últimos anos, tendo sido desenvolvidos novos produtos, abordagens e ferramentas, que originaram investidores especializados e nichos de mercado que há um par de anos não eram sequer imagináveis.
Adicionalmente, a atual conjuntura económica traz de volta a inflação e a subida das taxas de juro como variáveis críticas das decisões de investimento, tornando o contexto atual um dos mais desafiantes da história recente para o mercado de capitais e, em concreto, para os investidores em empresas.
Assim, se antes já era claro que cada transação devia ser encarada como única, agora é absolutamente decisivo reinventar as abordagens e ponderar novas variáveis na avaliação das empresas e dos seus negócios. Por exemplo, uma aquisição que vise o crescimento estratégico tem que considerar no processo de due diligence aspetos como atratividade e dimensão do mercado, posicionamento do target nesse mercado, sustentabilidade operacional, retenção de talento, entre outros. Contrariamente, numa transação que vise consolidação ou escala num dado mercado, o foco da due diligence deve ser na identificação de sinergias e eficiência nos custos, nomeadamente do modelo organizacional, tecnologias de informação, e compliance em diversas áreas.
Mesmo nas tradicionais due diligences financeira, fiscal e legal é crítico adaptar o âmbito de trabalho para responder, entre outros, aos desafios do setor, às características do investidor e ao contexto da transação. Adicionalmente, os riscos operacionais, de sistemas, ambientais, reputacionais ganharam uma maior relevância e têm por isso que ser considerados no contexto de projetos de due diligence. Alguns das áreas que a EY tem vindo a endereçar em projetos de due diligence são:
- Operações: entender o modelo de criação de valor da entidade, potenciais sinergias, novas formas de abordagem do mercado ou redefinir a estratégia.
- Sistemas de informação: análise da tecnologia existente e da forma como responde às atuais e futuras necessidades de negócio, dos mecanismos implementados para endereçar eventuais riscos de ciber segurança, sistema de proteção de dados e confidencialidade da informação.
- ESG (Environmental, Social and Governance): a sustentabilidade passou a estar presente no processo de decisão dos investidores e traz para a equação três vetores, desempenho financeiro, responsabilidade ambiental e responsabilidade social.
Recursos humanos: análise detalhada do talento de cada empresa e da forma de funcionamento, ligação e integração das equipas assim como dos mecanismos de remuneração é essencial para a avaliação do negócio.
O processo de due diligence é uma etapa muito relevante no ciclo de vida de uma transação, essencial não apenas para o processo de decisão do investidor mas também como a base para uma integração bem sucedida e a criação rápida mas sustentada de valor. Um processo organizado, estruturado, conduzido de forma profissional e que considere todas estas vertentes vai permitir obter sinergias ou identificar linhas de transformação do modelo de negócio que permitam a otimização do investimento, i.e., visualizar ou mesmo gerar o valor acrescentado que permita a concretização de uma transação bem sucedida neste contexto cada vez mais exigente.