Se é sabido que a economia está em toda a parte, ela não está tão presente como seria desejável na praça pública, nos media, no forum. A economia é um assunto público, um eixo estruturante da polis ao qual nenhum cidadão pode, nem deve, ser alheio. E a transparência, a publicidade e a exposição são os maiores garantes de que o jogo – o jogo democrático e do Estado de Direito – é jogado de acordo com as regras, e não é falseado com a batota dos bastidores, as artimanhas da surdina ou as manobras que a opacidade consente. São os maiores garantes de que o debate é participado e partilhado, assim emprestando uma consistência e uma legitimidade acrescidas às decisões tomadas pelos responsáveis políticos e assegurando, pelo caminho, o combate necessário ao vácuo e ao taticismo de que o absentismo democrático é tão devedor.

Pessoalmente, tenho-me batido, como posso e como sei, contra todos os populismos, tão venenosos como quotidianos, que minam a qualidade da nossa democracia e desviam a atenção da análise racional e prudente da realidade para o domínio da conceptualização pura, da política-feita-astrologia, dos planos de atividades sem orçamento em anexo. É nessa constelação que se inscrevem, a meu ver, as propostas que oferecem, que garantem, que prometem, que aumentam, que restituem e que multiplicam, sem nunca explicarem como se paga. Esta parece, hoje em dia, ser uma questão menor, secundária, venal e até repulsiva, com a qual os homens de intelecto superior e coração largo não devem enlamear-se. Pois bem: preocuparmo-nos com quem paga, como se paga e quando se paga é uma prova de respeito pelos concidadãos e contribuintes e é, por isso, um dever de todos os responsáveis. Exemplificando: num mundo ideal, ninguém discorda do aumento do salário mínimo, do aumento dos dias de férias para 25 ou das 35 horas como limite máximo do horário semanal de trabalho (para citar apenas alguns dos diplomas legislativos que estão, neste momento, a caminho). Mas um mundo ideal é um mundo em que ninguém paga e, queiram ou não, este é o mundo da realidade e da Economia em que vivemos e que Costa e Centeno teimam em continuar a ignorar.

É, por isso, com grande entusiasmo que quero saudar o nascimento de O Jornal Económico. É a prova de que vale a pena pugnar pelo debate público de qualidade sobre temas económicos e é um fator de esperança na qualificação desse debate, atenta a equipa envolvida e os eixos estratégicos que se propõe erguer. A bem da realidade!