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E depois de Warren Buffet: o que vai acontecer à Berkshire Hathaway?

Pela longevidade da liderança de Buffett, os investidores questionam-se agora sobre o que poderá acontecer à Berkshire. A corretora XTB considera que esta poderá ser uma boa jogada e dá duas razões para isso se concretize.
Carlos Barria/Reuters
9 Dezembro 2025, 14h02

Após 55 anos, Warren Buffett, uma das pessoas mais ricas do mundo e um dos melhores investidores do mundo, vai abandonar o mundo dos investimentos, tendo já anunciado a sua “reforma”.

O seu desempenho nos mercados de ações ajudou-o a ser o CEO com mais tempo de serviço. Por comparação, o tempo médio de permanência dos CEO’s das empresas do índice S&P 500 é de 7 a 10 anos. Outro facto interessante, é que Warren Buffett tem 95 anos, enquanto a idade média de um CEO do índice é de 57 anos.

Precisamente pela longevidade da liderança de Buffett, os investidores questionam-se agora sobre o que poderá acontecer à Berkshire. Embora alguns estejam mais céticos em relação ao sucesso da empresa, há alguns grupos que acreditam nas bases estáveis da Berkshire e nos conhecimentos que Buffett passou a algumas figuras-chaves.

Em particular, a capacidade demonstrada durante vários anos por Warren Buffett de superar o desempenho do índice S&P 500, um feito difícil de alcançar a longo prazo. Nas páginas introdutórias do seu relatório anual, a Berkshire compara o seu desempenho com o do índice desde 1965 até aos dias de hoje. Enquanto que o S&P 500 acumulou 10,4% ao ano, o que representa um acumulado 39.054%, a Berkshire, teve um desempenho médio anual de 19,9%, o que representa um acumulado de 5.502.284%. A valorização total no caso da Berkshire é, portanto, quase 141 vezes maior.

Por outro lado, deve-se acrescentar que, nos últimos 20 anos, a Berkshire alcançou apenas um desempenho aproximado ao do índice S&P 500. Desde 2006, o S&P 500 cresceu 704% (branco), enquanto as ações da Berkshire cresceram 769% (laranja).

Este crescimento menos expressivo está ligado à dimensão da empresa, que é, atualmente, muito maior do que quando Buffett iniciou o seu período de liderança. Desta forma, há menos oportunidades de mercado que permitam à Berkshire aumentar significativamente os retornos. Por essa razão, será injusto esperar um desempenho significativamente superior do sucessor de Buffett, Greg Abel.

O que acontecerá com a Berkshire a seguir?

A saída de Buffett pode ser uma boa jogada para a empresa a longo prazo, mesmo que isto pareça contraditório. O novo CEO da empresa e antigo líder da Berkshire Hathaway Energy, Greg Abel, teve muito tempo para os contornos da operação da Berkshire e aprender as coisas mais importantes com Buffett.

Ao mesmo tempo, Abel é significativamente mais jovem do que Buffett (63 anos), pelo que há a possibilidade de uma maior abertura a setores mais modernos para investimento. Buffett tem sido criticado nas últimas duas décadas por não investir em empresas de tecnologia, que trouxeram enormes oportunidades de investimento. Um dos maiores exemplos desta falha foi a decisão de não investir na Alphabet.

A única exceção foram as ações da Apple, que se revelaram o melhor investimento de sempre para a Berkshire. No entanto, esta ideia não foi trazida para a empresa por Buffet, mas por Ted Weschler e Todd Combs, que são gestores de investimento na Berkshire Hathaway. Só mais tarde é que Buffett reforçou o investimento da empresa na Apple.

Porém, é improvável que o ADN da empresa mude. Greg Abel não antecipa grandes mudanças nas operações da Berkshire, já que a empresa ainda está a ter um desempenho muito bom. Abel também pode estar mais aberto a fusões e aquisições, e há uma chance de que a Berkshire comece a pagar dividendos, o que não faz desde que Buffett assumiu o comando. A empresa tem reservas de caixa de quase 4 mil milhões de dólares, o que representa cerca de 35% do valor da empresa, um recorde não apenas em termos de valor nominal, mas também em relação à capitalização de mercado e aos ativos.


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