Os dados mais recentes da economia americana aprontam para um forte abrandamento da atividade económica. Os pedidos de subsídio de desemprego continuam a aumentar consistentemente, as novas ofertas de emprego têm diminuído e a atividade industrial e de serviços está em níveis recessivos.
Na China o cenário também não é o melhor. A atividade económica cresceu menos do que o estimado, 4,7%, quando era esperado 5,1%, mas o foco está na redução do consumo traduzido pelas vendas a retalho, que apenas cresceram 2% quando era esperado 3,4%. O consumidor chinês está a travar a fundo no consumo, talvez consequência da incerteza quanto à crise imobiliária que afetou as poupanças e a confiança.
As consequências não se fizeram esperar e algumas empresas com exposição global começaram a reduzir as expectativas de vendas e perspetivas para o próximo semestre. A previsível eleição de Trump e a retórica relativamente à China e Europa também estão a aumentar a incerteza no curto prazo. Incerteza esta que poderá colocar consumidores e investidores à defesa, contribuindo para um maior abrandamento a curto prazo.
Mas, à medida que a economia abranda e os preços reduzem o seu crescimento para o objetivo de dois por cento, também a probabilidade dos juros baixar vai aumentando. Neste momento, a probabilidade de redução de juros pela Fed e pelo BCE, em setembro e dezembro, é muito elevada.
Depois de um início de ano em que era expectável os juros descerem a pique, em abril, passámos pelo extremo dos juros poderem até aumentar! Neste momento, é quase certo que a redução de juros irá mesmo acontecer, contrariando o abrandamento económico e suportando o investimento.
Esta recente perspetiva de descida de juros pela Fed originou uma forte rotação de ativos, com os investidores a venderem ações de empresas tecnológicas que acumulam fortes ganhos, e a comprarem ações mais defensivas que se comportam bem quando os juros começam a baixar. As pequenas e médias empresas, que quase não beneficiaram da forte valorização dos últimos dois anos, estão agora a ser preferidas, muito embora os investidores devam ter o cuidado de separar o trigo do joio.
Mais do que nunca, uma diversificação irá salvaguardar a valorização do património a longo prazo, protegendo da volatilidade, que irá testar as emoções de alguns investidores, tradicionalmente os de mais curto prazo. As eleições americanas, a instabilidade geopolítica e a necessidade de cada bloco económico ter garantida as cadeias de abastecimento, irão proporcionar oportunidades de investimento para os próximos três anos, mas sem tirar os olhos das descidas de juros que se avizinham.