Hoje, mais do que nunca, o mundo está a mudar muito depressa. As estações mudam, os empregos mudam, os locais onde vivemos mudam. E as crianças? Também mudam: crescem, descobrem, fazem perguntas. Por isso, a educação tem de mudar com elas, dando-lhes não só respostas, mas também asas para voar num céu cheio de possibilidades.
Se olharmos para 2030, percebemos que as crianças de hoje vão viver num mundo muito diferente. Um mundo onde o clima exigirá mais cuidados, onde as pessoas mudarão mais de cidade ou de país, onde os avós estarão mais presentes e o trabalho será diferente do que conhecemos atualmente — muitas vezes feito com a ajuda de máquinas e computadores inteligentes.
Neste mundo novo, os mais pequenos vão precisar de saber mais do que contar até dez ou dizer as cores. Terão de saber cuidar uns dos outros, trabalhar em equipa, ser criativos e curiosos. Terão de saber esperar, tentar de novo, resolver problemas e imaginar soluções — tudo o que se começa a aprender desde muito cedo, quando brincamos, exploramos e ouvimos histórias.
Durante muito tempo, a escola foi pensada como um mapa: com caminhos certos e paragens bem definidas. Porém, atualmente, o mundo já não tem caminhos tão claros. Por isso, a educação deve ser mais como um compasso — algo que ajuda cada criança a encontrar o seu caminho, mesmo quando ainda não sabemos onde ele vai dar.
Quando entram no pré-escolar, as crianças estão numa fase mágica. É aqui que começa a aventura da aprendizagem. É aqui que se desenvolve o olhar atento, o coração curioso e as mãos que querem experimentar tudo. É aqui que lançamos sementes para o futuro — um futuro que será delas, mas que começa agora connosco.
Numa sala onde se brinca com blocos ou se desenham histórias, estão a nascer competências fundamentais para enfrentar os desafios do mundo: saber esperar pela vez, aprender com o erro, descobrir novas formas de usar um objeto, comunicar ideias com o corpo, a voz e a emoção. A brincadeira não é tempo perdido, mas sim o palco onde os grandes papéis do futuro começam a ser ensaiados.
Por isso, precisamos de dar mais valor ao que acontece nos primeiros anos de vida. A educação de infância não é um simples começo, mas sim o alicerce. Trata-se de uma base sólida, onde se aprende a confiar, a ser autónomo, a lidar com a frustração e a maravilhar-se com as pequenas coisas. É aqui que se aprende a perguntar “porquê?” — e é essa pergunta que alimenta todas as aprendizagens futuras.
A escola do futuro começa com os mais pequenos. Uma escola com espaços inspiradores, adultos que escutam e ambientes ricos em linguagem, natureza, movimento e afeto. Uma escola onde cada criança é vista como única, capaz e cheia de potencial. Uma escola onde se aprende com o corpo, com o coração e com a imaginação. Um local onde a aprendizagem acontece em vários espaços, seja na sala de aula, numa horta ou quinta pedagógica, ou mesmo debaixo de uma árvore.
Todas as experiências e todos os gestos podem ser uma forma de aprender fazendo. Por exemplo, aprender matemática ao contar ovos e medir ração ou ciências ao plantar sementes e esperar que cresçam. O messy play não são atividades extra, permitem cruzar o saber fazer com o saber ser. São experiências centrais no desenvolvimento cognitivo e socio emocional das crianças. Enquanto aprendem sobre ciclos de vida e sustentabilidade, desenvolvem empatia, resiliência, autonomia e criatividade.
Se quisermos um amanhã mais justo, mais bonito e mais feliz, então temos de começar hoje a dar às crianças o que realmente precisam: tempo, espaço, atenção e amor. Uma escola que escuta, que abraça, que inspira. Uma escola que não tem medo do futuro — porque acredita no poder das crianças para o transformar.