Basta caminhar por uma rua algarvia ao longo deste verão para reparar na falta de uma presença familiar. Os turistas britânicos, mas também alemães, sofreram uma redução de contingente, aparentemente trocados por franceses e italianos, e em menor número por oriundos dos mercados que se esperam emergentes, sejam orientais cheios de cautelas com a exposição solar ou brasileiros com elevado poder de compra.
Não faltam motivos, como se lê nesta edição, de apreensão quanto ao futuro do turismo português. Isto porque, além de fatores como o estrangulamento aeroportuário em Lisboa e aeronáutico na Madeira, todos os destinos concorrem entre si para atraírem turistas necessitados de dias bem passados, procurando a melhor experiência ao melhor preço. E tudo indica que chegámos a um ponto em que muitos deles encontram esses dias longe do retângulo à beira-mar plantado, rumando a zonas mediterrânicas que beneficiam de surgirem agora menos vezes nas notícias pelos motivos mais trágicos.
Beneficiário acidental dos atentados terroristas que têm assolado destinos concorrentes desde o 11 de setembro, o turismo português (em particular o algarvio) precisa de superar em qualidade países que não pode suplantar em preço, garantindo a sobrevivência do turismo dos ovos de ouro. Mas para a economia nacional, perigosamente dependente do setor, urge recordar lições aprendidas, de forma dolorosa, ao longo da História. Como quando o ouro deixou de chegar do Brasil. Ou quando, há menos de meio século, se cumpriu o mar, e o império se desfez.