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“É um copiloto que não é de total confiança”. Especialistas alertam para uso excessivo da IA no imobiliário

Diretor da Confidencial Imobiliário considera que existe tanto entusiamos como receio da Inteligência Artificial e que o sector deve falar mais em “competências artificiais”. Partner da Deloitte defende que o mercado imobiliário tem um “catching up” para ser feito, mas que não pode descurar a componente humana.
4 Julho 2024, 13h34

A utilização da Inteligência Artificial (IA) no mercado imobiliário não deve ser feita de forma literal e excessiva, sob o risco de prejudicar a relação dos mediadores com os clientes. Os alertas foram transmitidos por especialistas do sector no debate sobre o uso da tecnologia no sector, durante a conferência da APEMIP, que decorre no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, esta quinta-feira.

“Temos tanto entusiasmo como receio da Inteligência Artificial. Acho que vai ser preciso que haja um profissional do mercado no processo de compra de casa. A IA é uma ferramenta de aumento da produtividade, é como se fosse um copiloto, mas que não é de total confiança. Acho que o sector devia falar mais em competências artificiais, do que em Inteligência Artificial”, afirmou Ricardo Guimarães, diretor da Confidencial Imobiliário (CI).

O responsável assumiu que hoje em dia a CI utiliza a Inteligência Artificial em várias dimensões, entre elas a forma como valida a informação e o tratamento de dados em termos de difusão. “O nosso foco é compreendermos as necessidades dos utilizadores. Tentamos gerar a informação para que depois ela seja útil na mão dos profissionais”, referiu.

Presente no painel esteve Daniel Perdigão, co-fundador da consultora UpsideUP, que salientou que já existe alguma procura por parte das mediadoras imobiliárias para o uso da Inteligência Artificial. Para o responsável os maiores perigos são ignorar a presença da IA e confiar em absoluto na mesma.

“É um risco tremendo. Assim como temos a Inteligência Artificial, também temos a ignorância artificial. Quando digo confiar é pegar numa resposta da IA e entregar isso como um trabalho pronto, sem a validação dos textos, com respostas standards, isso é gravíssimo. Ao fazermos isso estamos a dizer ao mercado que podemos ser substituídos e não estamos aqui a fazer nada. Em qualquer função de venda não se pode retirar o fator humano e a capacidade comunicativa”, salientou.

Por sua vez, Ricardo Reis da Silva, Real Estate Consulting Associate Partner da Deloitte, sublinhou que a IA pode ter um efeito ainda mais transformador no sector imobiliário, nomeadamente na compra de casa e em todo o processo de comercialização.

“Recorrendo a este tipo de tecnologia e com uns óculos de realidade virtual podemos caminhar dentro de uma casa e fazer ver ao cliente a renderização real da mesma e de como ela seria dentro do seu próprio gosto. Todo este processo de comercialização tendencialmente mais imersivo é cada vez mais possível com a IA”, realçou.

O responsável destacou que todo o processo de comercialização é onde poderá haver um volume de investimento significativo por parte do sector imobiliário, recordando um estudo que a Deloitte fez no ano passado, no qual indicava que 60% dos investimentos feitos estavam direcionados para a transação de imóveis.

“O comércio a retalho adotou estas tecnologias muito mais rápido. O sector imobiliário tem um catching up para ser feito, mas sem nunca descurar a componente humana”, afirmou Ricardo Reis da Silva.

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