O verão é sempre uma época propícia para viajar e explorar as cidades europeias. No entanto, estas estão cada vez mais sobrelotadas de turistas. De acordo com as contas do World Travel & Tourism Council (WTTC), o turismo representará mais de 11,4% da economia global em 2024. O impacto do turismo no PIB global deverá ultrapassar os dez biliões de euros em 2024 e, dentro de dez anos, deverá aumentar para 15 biliões de euros.

O Economic Impact Research indica que as viagens e o turismo contribuirão com valores recorde em 2024, reforçando a sua posição como uma potência económica global. Julia Simpson, presidente e CEO do WTTC, salienta que “o setor das viagens e turismo continua a ser uma potência económica global”.

Em Portugal, segundo o Instituto Nacional de Estatística, houve um aumento do turismo de 13% em relação a 2022 e, em 2024, espera-se atingir novos máximos históricos. Com o aumento do número de visitantes, a pressão sobre os serviços de saúde, gestão de resíduos, abastecimento de água e habitação para os residentes cresce. O crescimento do setor do turismo está, assim, a colocar em risco o localismo, a biodiversidade e os recursos naturais.

Em Maiorca, esta semana, milhares de pessoas manifestaram-se contra os impactos negativos do turismo excessivo, com o lema “Mudemos de rumo – ponhamos limites ao turismo”. Pere Feminia, porta-voz da plataforma “Menos Turismo, Mais Vida”, afirma que “é altura de dizer basta. Queremos medidas concretas para limitar e diminuir o número de turistas e melhorar o bem-estar da população local”.

Os desafios do turismo excessivo estão a gerar reflexão na Europa, com um denominador comum: o choque entre os visitantes e a qualidade de vida das populações residentes. As cidades não são apenas uma coleção de edifícios, ruas e praças, são o resultado da sua gente. É, pois, fundamental refletir sobre o modelo de turismo que queremos para o futuro.

O crescimento descontrolado e as suas consequências negativas não podem ser ignorados. As manifestações em Maiorca, e não só, são um sinal claro de que é necessário mudar. A sustentabilidade deve ser o foco principal das políticas de turismo, priorizando o bem-estar das populações locais.

Para garantir um equilíbrio saudável entre turismo e qualidade de vida, é preciso implementar medidas concretas que limitem o número de turistas, promovam práticas sustentáveis e protejam a identidade cultural das cidades. É crucial que as autoridades locais, nacionais e globais trabalhem juntas para criar um turismo mais equilibrado e sustentável. O momento de agir é agora. Se queremos preservar o futuro das nossas cidades e a qualidade de vida dos seus habitantes, é essencial mudar de rumo.