O radicalismo ecologista elegeu um novo inimigo: a Arte. Ao moralismo insuportável, proclamado em intervenções iradas, que instilam o medo e a culpa, sem propor qualquer solução razoável, o eco-extremismo fez, nos últimos meses, das obras de Arte o seu alvo de preferência.
A protecção ambiental é um assunto demasiado sério para ser tratado por este género de movimentos, as mais das vezes, como referido em artigo anterior, motivados por uma agenda ideológica anti-capitalista e anti-ocidental que descredibiliza e distorce a vital causa da defesa do planeta. Ainda recentemente, Greta Thunberg, no seu habitual tom zangado e sentencioso, apontou o dedo acusador ao “sistema capitalista opressor e racista” ocidental como responsável pela crise ambiental, deliberadamente ocultando que o maior poluidor do planeta é a China e misturando desonestamente tópicos que não estão relacionados com as alterações climáticas.
Este ódio ao Ocidente parece estar também patente na escolha das obras alvo dos ataques dos militantes – todos eles ocidentais, note-se –, pois, até agora, só foram atacadas obras representativas da cultura ocidental. Difícil é de crer que a escolha seja aleatória, pois é certo que os autores destes atentados de lesa-Arte comungam da posição expressa por Thunberg e não ousarão decerto tocar nas obras representativas de outras culturas, cuja devolução sem critério aos seus locais de origem – outra das causas da moda e também ela devedora do ódio ao “sistema opressor e racista” – certamente defenderão também.
Mas o dano causado a objectos de Arte é também revelador de um ódio mais geral, extensivo à espécie humana, subjacente ao discurso e aos actos dos eco-extremistas. Desde logo porque um ataque à Arte é um ataque à mais sublime expressão da Humanidade, tantas vezes, aliás, usada como expressão do amor do Homem pela Natureza. Pelo seu carácter universal, a Arte, que transcende culturas, tempos e lugares, é um legado da genialidade do espírito humano. Cada obra atingida é uma agressão ao Homem e não apenas ao homem-branco-cristão-europeu-colonialista-capitalista.
Este ressentimento anti-humano não se esgota, porém, nestes actos vândalos. A incomodidade dos activistas quanto à sua própria espécie é evidenciada, por exemplo, no movimento birthstrike, uma espécie de malthusianismo verde que sustenta a tese suicida de que a solução da crise ambiental exige a restrição à reprodução humana, na medida em que um excesso de população comprometerá o equilíbrio ecológico.
Para o eco-extremismo, o ser humano é, em suma, encarado como praga, como espécie invasora e destruidora. Gerou-se uma insanidade niilista, que entende que a salvação do planeta não pode ser feita com o Homem e para o Homem, mas contra este.
O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.