As alterações climáticas estão aí e o que está em causa é a qualidade de vida e até a sobrevivência de todas as formas de vida no planeta.
Actualmente, quase todos se mostram preocupados com este fenómeno, mas as respostas para lidar com o problema são díspares. As opções de cada um são muito importantes e a consciência ambiental deve ser fomentada. Se o clima está a mudar, nós também devemos mudar e adoptar estilos de vida mais sustentáveis.
Mas não pode ser só o cidadão a ser responsabilizado e chamado a pagar os custos da mudança, tal como não deve ser promovido o policiamento dos comportamentos individuais.
Enquanto os cidadãos se penitenciam porque muitas vezes não conseguem fazer opções mais sustentáveis, devido à falta de alternativas acessíveis, os verdadeiros responsáveis pela crise ambiental continuam ilesos e a acumular lucros, arredados de um objectivo que deve ser de toda a sociedade. Até porque, por esta ordem de ideias, às populações com menos recursos é-lhes negado o acesso a alternativas mais sustentáveis.
Mas então e o sistema?
Hoje até vemos grandes empresas a fazer campanhas em defesa do ambiente, procurando disfarçar o impacto ambiental das suas actividades. Mas onde está afinal a responsabilidade das multinacionais no que toca às emissões de carbono? Não será por acaso que o secretário-geral da Organização dos Países Exportadores de Petróleo afirmou recentemente que os activistas do clima serão, “talvez, a maior ameaça à nossa indústria daqui para a frente”.
É preciso mudar o sistema e os interesses instalados. Não há qualquer sustentabilidade nem justiça num mercado de carbono ineficaz e perverso, que permite que países mais ricos possam comprar certificados de emissão de gases com efeito de estufa a países em desenvolvimento para poderem continuar a poluir, promovendo a transferência de emissões e não a sua redução.
Ou seja, quem quiser poluir mais compra créditos a quem polui menos, o que pode levar a resultados contrários ao que este sistema pretende alcançar. Logo, pode servir para muita coisa, mas não para proteger a natureza.
Há uma grande diferença entre os conceitos de ecologia e de greenwashing: um é amigo do ambiente, o outro finge sê-lo. É preciso mudar o sistema e a forma como funciona a economia, não o clima. O ambiente não pode ser uma preocupação apenas quando dá lucro, pois já se percebeu que o capitalismo não é nem nunca será ecologista.
A autora escreve de acordo com a antiga ortografia.