Num processo produtivo utilizam-se os inputs – energia, água e matérias-primas – transformando-as em dois produtos: o produto útil, que consumimos, e o produto inútil – poluição e resíduos.

É fácil de perceber que a evolução tecnológica, aumentando a produtividade do processo de transformação, permite aumentar a percentagem do produto útil e reduzir a do produto inútil, indo assim a competitividade empresarial em linha com as preocupações ambientais. Eu já explicava isto em 1991 aquando do PEDIP AMBIENTE, o qual integrava no Programa Específico de Desenvolvimento da Indústria Portuguesa a vertente ambiental. Já na altura tentava explicar, contra o fundamentalismo ambiental que via a indústria como inimiga do ambiente, que sem empresas viáveis e competitivas não haveria forma de financiar os investimentos ambientais.

Na economia linear não havia preocupações com a reciclagem dos resíduos.

Na economia de reciclagem começam a reutilizar-se no processo produtivo uma parte dos resíduos gerados no processo de transformação.

Na economia circular procura pôr-se o sistema económico a funcionar como um sistema natural no qual praticamente não há desperdícios. Cada desperdício deve ser um input para qualquer coisa adicional. Na economia circular, no limite nada se perde e tudo se transforma, havendo uma completa retroacção de resíduos e desperdícios no processo produtivo (closed loop).

Mas, como sabemos da termodinâmica, num processo de transformação haverá sempre alguma degradação de energia e alguma poluição gerada. Os resíduos, os materiais reciclados e reutilizados e os subprodutos constituem neste novo modelo as chamadas matérias-primas secundárias, as quais podem ser transacionadas, comercializadas e expedidas de novo, tal como as matérias-primas primárias dos tradicionais recursos extractivos.

Aliás,  já Schumpeter, o pai da destruição criadora, explicava que a procura de novas matérias-primas é um dos tipos de inovação e essa procura é hoje em dia uma das áreas de desenvolvimento da economia circular, estimulando assim a eco-inovação. E ao procurar essas  novas matérias-primas poderemos através do “design” chegar a novos produtos e novos processos ou até a novas formas de comunicação com o mercado para vender o novo produto ou serviço. A eco-inovação inclui assim o eco-design e o marketing verde, este no conjunto dos instrumentos do marketing-mix.

A economia circular impactará a produção e consumo, a gestão do lixo e dos desperdícios. Segundo a Comissão Europeia (“Closing the Loop – an EU Action Plan for Circular Economy”) as áreas prioritárias serão: os plásticos, os detritos e resíduos/desperdícios alimentares; as matérias-primas críticas; a construção e demolição de edifícios e estruturas; a biomassa e os produtos de origem biológica.

O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.